São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Pilha de lama vira 'restaurante'

DA AGÊNCIA FOLHA EM SANTOS

A instalação de indústrias em Cubatão e a necessidade de portos para escoamento da produção fez com que fosse necessária a dragagem dos mangues (a retirada da lama escura e mole do solo deste tipo de ambiente).
Essas áreas, com profundidade média em torno de dois metros, foram dragadas até cerca de 20 metros de profundidade.
O subproduto da dragagem, a lama retirada do leito dos rios, foi sendo depositada nas margens dos canais que vinham sendo abertos, sufocando a vegetação.
Com isso, formou-se uma grande área conhecida como banco de lodo. Recursos minerais das encostas da Serra do Mar, destruída pela poluição e levada pela chuva foram se depositando nos bancos.
Na maré baixa, o lodo fica exposto ao sol, favorecendo o crescimento de algas que alimentam os moluscos, vermes e crustáceos, base da alimentação das aves.
Hoje, esse banco de lodo cobre uma área com cerca de dois quilômetros quadrados. Nas cartas náuticas das décadas de 50 e 60 (início do processo de industrialização de Cubatão) a extensão desse banco equivalia a cerca de 20% da atual.
Lodo ecológico
O estudo dos biólogos Olmos e Silva aponta que o empilhamento desse lodo favoreceu, paradoxalmente, a criação de um viveiro de aves aquáticas migratórias com população superior às da região de mangues do norte do Paraná.
"Isso é incrível, pois essa região paranaense é classificada como o 'útero do Atlântico', sendo a quinta prioridade mundial em conservação ambiental", afirmou Olmos.
A pesquisa propõe que se crie nos mangues de Cubatão uma unidade para proteção do pântano, assegurando a conservação dos locais de nidificação (ninhos) e alimentação das aves. Além das aves, os biólogos também encontraram e fotografaram na região animais como jacarés do papo amarelo, lontras e capivaras.

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