São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996 |
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Condições de vida estão em declínio, diz pesquisa
PATRICIA DECIA
A pesquisa realizada pela Yankelovich Partners para a revista "The New Yorker" mostra que três em cada cinco negros acham que sua condição de vida piora. O objetivo era descobrir como os negros encaram sua situação 30 anos após os movimentos que emergiram na década de 60 para garantir direitos civis e propiciar a expansão da classe média negra e seu acesso a melhores escolas e empregos. Na divisão por classe social, baseada em renda, 10% se consideraram pobres, 41% classe média-baixa, 35% classe média, 6% classe média alta e 3% ricos. A margem de erro estimada é de 2,5%. Injustiça A maioria das opiniões sobre ascensão social foi a mesma: é quase impossível alcançar o "sonho americano". E um dos motivos é a descrença na isenção do sistema judiciário. Segundo o levantamento, a maioria dos entrevistados acha que a polícia e o Judiciário têm preconceito contra negros. Ao mesmo tempo, 48% acreditam que o fato de os negros não conseguirem tirar melhor proveito das oportunidades que lhes são oferecidas é mais determinante do que o preconceito de brancos. A escritora Jennifer Hochschild diz que, como a classe média negra aumentou e ficou mais poderosa, cresceu também a desilusão com as possibilidades do "sonho americano". Segundo ela, esse segmento "tem mais sucesso e menos prazer". Apesar das críticas de que só beneficia a classe média, a política de ação afirmativa é aprovada pela maioria dos negros. As ações afirmativas visam garantir a inclusão de negros e outras minorias em escolas, universidade e empregos, incluindo o item "etnia" nos critérios de seleção, garantindo uma porcentagem de admissão. Segundo os críticos da ação afirmativa, só os negros que já são classe média se beneficiam com esta política, marginalizando o contingente de pobres a quem a política inicialmente se destina. Mais negros são democratas do que republicanos. Segundo o levantamento, 70% votariam em Bill Clinton para presidente nas próximas eleições, se os concorrentes republicanos fossem Bob Dole e Colin Powell, ex-chefe das Forças Armadas e negro. A maioria dos entrevistados ainda é favorável ao aborto e a programas de seguro médico, mesmo que isso signifique aumento de impostos. Dizem ainda que são a favor da suspensão do pagamento de seguro-desemprego para quem fica sem emprego por dois anos. Para metade dos entrevistados, as relações inter-raciais nunca serão melhores do que hoje. (PD) Texto Anterior: Entrevistados apontam ídolos Próximo Texto: O ranking dos líderes Índice |
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