São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996 |
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Negros 'elegem' viúva de Luther King líder
PATRICIA DECIA
Coretta obteve 83% de opiniões favoráveis entre os 1.200 negros entrevistados pelo instituto Yankelovich Partners. A pesquisa, feita para a revista "The New Yorker", mostrou a opinião que os negros dos EUA tem sobre sua qualidade de vida (leita texto na página), sobre racismo e ascenção social. Os sete nomes de lideranças mais citados na pesquisa têm em comum o fato de lutarem pelos direitos civis dos negros norte-americanos, e tem, de alguma foram, ligação direta com os homens que iniciaram esses movimentos nos anos 60, como Martin Luther King Jr. e Malcom X. Apesar de estar longe da televisão e dos jornais há algum tempo, a vitória de Coretta demonstra a força de sua imagem. Ela tomou para si o papel de líder na luta por direitos civis após o assassinato de Martin Luther King Jr., em 1968, assumindo o legado do marido e tem influência política na opinião da comunidade negra. Em 84, por exemplo, ela convocou os negros a derrotaram o então candidato à reeleição Ronald Reagan. No ano passado, Coretta se envolveu na briga pelo controle do memorial a Martin Luther King, em Atlanta. O memorial, administrado pelo National Park Service, abriga o túmulo de King, a casa onde ele nasceu e a igreja onde pregava nos anos 60. A família de King reivindica que a administração do memorial só pode ser sua responsabilidade por uma questão de princípios. A batalha judicial não terminou. O Park Service acusa os King de quererem explorar comercialmente o local, um dos principais pontos turísticos da cidade de Atlanta, Georgia, a sede das Olimpíadas. Jesse Jackson, reverendo da Igreja Batista e duas vezes candidato à Presidência dos Estados Unidos, recebeu 82% de opiniões favoráveis, ficando em segundo lugar. Jackson é um defensor ferrenho da ação afirmativa -que garante, por exemplo, uma cota de vagas para negros na universidade. Sua última manifestação ocorreu durante a entrega do Oscar, quando ele promoveu manifestações em frente às redes de televisão porque só havia um negro concorrendo ao prêmio. Em terceiro lugar, aparece o advogado Johnnie Cochran, que atuou na defesa do jogador de futebol americano O. J. Simpson, acusado de matar sua ex-mulher Nicole Brown. O caso foi transformado em um julgamento racial, com a absolvição de Simpson após 15 meses. Louis Farrakhan, o líder do grupo Nação do Islã, foi apontado como o quinto na lista dos preferidos, mas ficou ainda com o primeiro lugar nas rejeições. Farrakhan, que expressa opiniões anti-semitas, é uma das personalidades mais polêmicas do momento e organizou a Marcha de 1 Milhão de Homens em Washington. Ainda faz parte da lista, em quarto lugar, o general Colin Powell, ex-chefe das Forças Armadas que se destacou durante a Guerra do Golfo, contra o Iraque. Powell lançou um livro de memórias que virou best-seller e é cogitado para concorrer à Vice-Presidência junto com o senador republicano Bob Dole. Apesar das opiniões favoráveis, apenas 13% dos entrevistados na pesquisa afirmam que votariam na chapa Dole-Powell nas próximas eleições. Benjamim Chavis, que era o presidente da NAACP (Associação Nacional para o Avanço de Pessoas de Cor), e o juiz da Suprema Corte Clarence Thomas também aparecem como o sexto e o sétimo lugares, respectivamente. Texto Anterior: Pessimismo domina opinião pública no México Próximo Texto: Entrevistados apontam ídolos Índice |
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