São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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NÓ NO GOVERNO

Conflitos entre integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso não são exatamente uma novidade. Antes mesmo da posse, já se antevia que, por exemplo, Pedro Malan (Fazenda) e José Serra (Planejamento) não teriam fácil convivência.
Ou que Serra tinha uma profunda discordância com Gustavo Franco, diretor da Área Externa do BC e figura relevante da equipe econômica.
Até há pouco, porém, eram confrontos surdos, venenos destilados nos bastidores da corte brasiliense.
Nas duas últimas semanas, tornaram-se mais e mais abertos. Entrevistas de Serra, Malan e Gustavo Franco se converteram em estocadas entre Fazenda/BC e Planejamento.
Mais recentemente ainda, o líder do PSDB, José Aníbal, criticou o novo ministro de Coordenação Política, Luiz Carlos Santos, e recebeu o troco.
Não há, é verdade, nas farpas até agora trocadas um grau de exacerbação que indique um rompimento. Mas aparentemente o Planalto se enfraquece com esses entreveros.
Quando um governo, qualquer que seja, navega em céu de brigadeiro, as divergências ficam intramuros. Quando vêm a público, é porque nem tudo vai bem. Ainda mais se se considerar que José Aníbal e Luiz Carlos Santos não são tidos como políticos boquirrotos ou temperamentais, incapazes de perder uma oportunidade para alfinetar um rival ou de, contrariados, conter a ira. São da escola da cautela, da prudência, de "dar nó em fumaça", para usar a expressão que o próprio presidente usou para referir-se a Luiz Carlos Santos.
Parafraseando FHC, o que tais desencontros indicam é que o governo está dando um nó em si mesmo.

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