São Paulo, domingo, 5 de maio de 1996
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Rebola bola _ a revista vai à TV

MARCELO MANSFIELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

O teatro de revista, assim chamado por ser apresentado no final de cada ano imperial como uma "Retrospectiva", surgiu no Rio de Janeiro pelas mãos, pés, peitos e o que mais se conseguia ver, da atriz francesa Aimée, em 1864, no Alcazar Lírico da rua Uruguaiana.
Assim ficou escrito até 1877, quando a corista Aurélia Delorme, saiu saracoteando o seu bumbum gordinho no palco do teatro Recreio, na revista "A Grande Avenida", imortalizando o mais famoso gênero do teatro brasileiro: O Rebolado.
O Rebolado foi jogado para o canto... o canto da sala, onde um enorme eletro-doméstico revestido em imbuia o faria sobreviver por mais um tempo: a televisão.
A esta caberia a maior herança do Rebolado: As mulheres, as certinhas do Laulau, as mulatas que não estão no mapa, as "Girls" do Machado.
A miss Renascença Aizita Nascimento, que junto com Annik Malvil, Isa Rodrigues e Dorinha Duval entre outras, cantavam o "Samba de Branco" no cenário de papelão do programa "Times Square", show transmitido ao vivo do Teatro Excelsior em Ipanema, e exibido em video-fita, como se dizia, para todo o país, e que reuniu o que de melhor o teatro de revista tinha.
Zélia Hoffman, por exemplo, causava mais sensação com um longo e uma luva 3/4 do que todos os galãs descamisados da atual novela das sete.
Havia outros shows, alguns até com os mesmos elencos, como "Vovô Deville", "A Cidade se Diverte", "My Fair Show", sem falar nos "One Man Show" de Moacyr Franco e o "Show do Golias", onde um elegante pré-Bronco se apresentava de "smoking".
Os créditos finais desses espetáculos apareceram na TV, quando as emissoras trocaram a platéia viva pelo saco de risadas, as grandes orquestras pelos "samplers", o horário nobre deixou de ser engraçado para dar lugar às lágrimas das infinitas novelas, e essas maravilhosas mulheres tiveram que descer da escadaria em seus sapatos de salto 10 para que um bando de jagunças descalças ocupassem o horário.
E imaginar que tanta gente comprou Bel-Linha para ficar com a cintura de Carmem Verônica, a vedetona que só entrava em cena depois de perguntar: Tô Boneca???

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