São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996 |
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Milão celebra volta ao móvel funcional
MARILI BRANDÃO
Desde sua primeira edição, em 1961, muita coisa mudou. A começar pelos números. Quando nasceu, a feira contava com apenas 328 expositores. Hoje o número subiu para 2 mil. A área ocupada era de 12 mil metros quadrados, atualmente esse espaço é de 150 mil metros quadrados. Evolução dos costumes Acompanhar a história do salão é acompanhar a evolução das tendências na decoração dos interiores e também a evolução dos costumes. Afinal, a casa é um reflexo do modo de vida do homem. A década de 60 foi a década da Guerra Fria, o homem foi à Lua e os Beatles eram sucesso. Apareciam móveis de plástico colorido, de formas arredondadas, os armários-cabines e a cama que parecia fazer parte de uma espaçonave de Joe Colombo (este ano, junto com Castiglioni, mereceu uma retrospectiva). Os anos 70 não trouxeram "a imaginação ao poder", como pretendia a geração anterior. Foram os anos de chumbo, de terrorismo, de crise de energia, de problemas ligados ao ambiente. Aparece o rock pesado ao invés das músicas melodiosas. Em 71 as principais atrações foram a poltrona Joe em forma de luva, e obras de De Pas, D'Urbino, Lomazzi, que retomavam a linguagem pop, adaptando-a à forma do móvel. Coexistia a corrente do antidesign, que apresentava produtos destinados ao questionamento de valores, como a poltrona em forma de grama gigante, com sistemas modulares racionalizados adaptáveis a vários ambientes. No final da década aparece o termo pós-moderno para indicar um tipo de filosofia que iria dominar a década de 80, e que tinha como princípio rejeitar os conceitos da boa forma e do racionalismo. Inicia-se a era do hedonismo, do prazer e da expressão individual. Sottsass e Mendini criam a Memphis e Alchimia e retomam o uso da cor e do decorativismo. Eram os anos 80. Produtos para o mercado A edição deste ano representa a tendência dos anos 90. É mais um salão de consolidação de produtos que um ano de grandes lançamentos. É um ano de crise econômica em que produtos são lançados "orientados para o mercado". A tendência é uma volta ao funcionalismo, ao não-excesso. Ao uso parcimonioso de materiais e de decorativismo. Produtos são pensados para ultrapassar a barreira da moda e durar no tempo. É a busca de uma linguagem simples e essencial, que resulta em objetos de grande qualidade técnica e num bom gosto generalizado. Novas tecnologias Para se encontrar novidades é preciso procurar com atenção. Muitas vezes ela está presente em pequenos detalhes, no uso de novas tecnologias ou em produtos que apresentam soluções ecologicamente corretas. O plástico continua ganhando espaço, porém com uma nova linguagem que explora transparências, texturas, cores pastéis e ácidas e mistura de materiais. Divide espaço com os móveis produzidos em fibras naturais ou em madeira. Texto Anterior: Público quer entrevista com "Arquivo X" Próximo Texto: Brasileiros têm destaque Índice |
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