São Paulo, terça-feira, 7 de maio de 1996
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Milão celebra volta ao móvel funcional

MARILI BRANDÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM MILÃO

As novidades estiveram nos pequenos detalhes nesta edição do Salão Internacional do Móvel de Milão, realizada em abril. O salão completou 35 anos de existência.
Desde sua primeira edição, em 1961, muita coisa mudou. A começar pelos números. Quando nasceu, a feira contava com apenas 328 expositores. Hoje o número subiu para 2 mil. A área ocupada era de 12 mil metros quadrados, atualmente esse espaço é de 150 mil metros quadrados.
Evolução dos costumes
Acompanhar a história do salão é acompanhar a evolução das tendências na decoração dos interiores e também a evolução dos costumes. Afinal, a casa é um reflexo do modo de vida do homem.
A década de 60 foi a década da Guerra Fria, o homem foi à Lua e os Beatles eram sucesso.
Apareciam móveis de plástico colorido, de formas arredondadas, os armários-cabines e a cama que parecia fazer parte de uma espaçonave de Joe Colombo (este ano, junto com Castiglioni, mereceu uma retrospectiva).
Os anos 70 não trouxeram "a imaginação ao poder", como pretendia a geração anterior. Foram os anos de chumbo, de terrorismo, de crise de energia, de problemas ligados ao ambiente. Aparece o rock pesado ao invés das músicas melodiosas.
Em 71 as principais atrações foram a poltrona Joe em forma de luva, e obras de De Pas, D'Urbino, Lomazzi, que retomavam a linguagem pop, adaptando-a à forma do móvel.
Coexistia a corrente do antidesign, que apresentava produtos destinados ao questionamento de valores, como a poltrona em forma de grama gigante, com sistemas modulares racionalizados adaptáveis a vários ambientes.
No final da década aparece o termo pós-moderno para indicar um tipo de filosofia que iria dominar a década de 80, e que tinha como princípio rejeitar os conceitos da boa forma e do racionalismo. Inicia-se a era do hedonismo, do prazer e da expressão individual.
Sottsass e Mendini criam a Memphis e Alchimia e retomam o uso da cor e do decorativismo. Eram os anos 80.
Produtos para o mercado
A edição deste ano representa a tendência dos anos 90. É mais um salão de consolidação de produtos que um ano de grandes lançamentos. É um ano de crise econômica em que produtos são lançados "orientados para o mercado".
A tendência é uma volta ao funcionalismo, ao não-excesso. Ao uso parcimonioso de materiais e de decorativismo. Produtos são pensados para ultrapassar a barreira da moda e durar no tempo.
É a busca de uma linguagem simples e essencial, que resulta em objetos de grande qualidade técnica e num bom gosto generalizado.
Novas tecnologias
Para se encontrar novidades é preciso procurar com atenção. Muitas vezes ela está presente em pequenos detalhes, no uso de novas tecnologias ou em produtos que apresentam soluções ecologicamente corretas.
O plástico continua ganhando espaço, porém com uma nova linguagem que explora transparências, texturas, cores pastéis e ácidas e mistura de materiais.
Divide espaço com os móveis produzidos em fibras naturais ou em madeira.

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