São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 1996
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Bancada ruralista ameaça se rebelar

Agricultores querem negociar dívida

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A bancada ruralista da Câmara dos Deputados está ameaçando se rebelar contra o governo na votação das reformas constitucionais por causa da demora na renegociação das dívidas agrícolas.
Os 179 deputados da Frente Parlamentar da Agricultura, mais conhecida como o lobby ruralista, estão insatisfeitos com o não-cumprimento de acordo fechado com o governo em novembro de 95.
Sem a renegociação, envolvendo um total de R$ 7 bilhões de dívidas atrasadas, "será guerra", diz o deputado Abelardo Lupion (PFL-PR), coordenador da frente. "Não votaremos, nada, nada."
Pelo acordo firmado em 95, poderiam repactuar suas dívidas os agricultores com débitos no valor máximo de R$ 200 mil.
As condições acertadas incluíam sete anos para pagar e correção anual de 3% fixos, mais a variação percentual do preço do produto cultivado.
Até agora, já procuraram a rede bancária 212 mil agricultores. Mas só 40 mil foram atendidos.
Ocorre que, pelo acordo, o prazo para que a renegociação seja feita é 30 de junho. "Não vai dar tempo", diz o deputado Hugo Biehl (PPR-SC), coordenador da negociação pela frente ruralista.
Para os ruralistas, a responsabilidade pelo atraso seria do Banco do Brasil e de toda equipe econômica.
"O Banco do Brasil exige dezenas de documentos e burocratiza tudo. O governo ainda não assinou um contrato com os bancos privados para que as condições da negociação fossem aceitas por todo o sistema financeiro", diz Biehl.
Além de brecar as reformas, os ruralistas já se definiram especificamente sobre outros três temas:
1) Invasões de terra - votarão contra o projeto de lei 490-A, que trata da reintegração de posse de propriedades invadidas. Essa lei obrigaria o dono da terra a listar nominalmente todos os invasores para solicitar a reintegração; 2) Rito sumário - os ruralistas são contra o projeto de lei; 3) Banco do Brasil - votarão contra, parcialmente, a medida provisória que aumenta o capital do BB.

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