São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996
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Erundina acha 'burrice' propor fim do PAS

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Luiza Erundina, candidata a prefeita de São Paulo pelo PT, inicia sua campanha evitando ataques ao atual prefeito, Paulo Maluf (PPB).
Principalmente quando cobrada a falar sobre a continuidade de projetos como o Cingapura (habitacional) e o PAS (saúde), ambos implantados pelo atual governo.
"Não quero polemizar com o Maluf", disse ela, sexta-feira à noite, diante do colégio municipal Habbib Carlos Kiprillos, em Americanópolis, periferia sul da cidade, onde fez um pequeno comício.
Essa postura se desenhou em encontro com religiosos: "Enquanto método, o Cingapura é do meu governo. Só que fiz 36 mil unidades, maiores e mais baratas, e Maluf fez 2.000, menores e mais caras. Mas vamos terminar o que ele deixar".
Erundina repetiu o tom ao reunir-se com servidores da saúde. "Do ponto de vista eleitoral, seria uma posição burra prometer acabar com PAS", chegou a dizer a funcionários e petistas do setor.
"Preciso analisar melhor. A gente sabe por que 80% defendem o PAS. Porque durante três anos o sistema anterior foi sucateado. Isso não significa que temos de voltar exatamente ao sistema antigo", completou ao público da reunião.
A preocupação da petista, por enquanto (quando a campanha engatinha), é tentar desarmar o discurso dos adversários e evitar tropeço que desgaste sua imagem no momento em que aparece com boa posição nas pesquisas.
Erundina espera um bombardeio do tipo "ela vai parar tudo, ela vai interromper as obras". Na sexta-feira, já deu sinais do como tentará neutralizar esses bordões. "Social também é construir", disse nos encontros.
Como o desemprego também vai ser um dos pilares de sua campanha, a retórica da ex-prefeita deve funcionar em duas frentes.
Se, por um lado, ela vai tratar dos temas propriamente urbanos (sob a ótica da "prioridade ao social"), de outro, entende que uma grande crise social se avizinha no país -e pretende explorá-la.
Erundina tenciona situar a questão do desemprego como resultado da "política neoliberal" do presidente Fernando Henrique Cardoso. O objetivo petista vai além do pleito de 3 de outubro.
"Será o primeiro teste de FHC. A eleição de São Paulo vai determinar a correlação de forças políticas no país", afirmou. Para o PT, uma vitória em São Paulo, a maior cidade do país, pode significar uma ponta-de-lança para intervir com mais vigor nas políticas nacionais.
Na peregrinação de sexta-feira passada, Erundina procurou também ocupar espaços junto ao eleitorado de Francisco Rossi (PDT).
"Vão tentar, como já fizeram, nos indispor contra os evangélicos. Os evangélicos são nossos irmãos. Quando fui prefeita, tratei todos bem", afirmou a representantes da Assembléia de Deus e da Igreja Batista Nova Aliança.

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