São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996
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Falta pessoal diz secretário

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Falta pessoal, diz secretário
O secretaria da Administração Penitenciária, João Benedito de Azevedo Marques, disse ontem que o governo estadual repudia, tenta reprimir, mas enfrenta dificuldades com o tráfico de drogas na Casa de Detenção de São Paulo.
"Esse problema existe há mais de 30 anos." Ele disse que o principal obstáculo para controlar a situação é o gigantismo do presídio.
"Em cada dia de visita, 150 agentes penitenciários têm que cuidar de 20 mil pessoas, entre presos e familiares." Os presos da Casa de Detenção recebem visitas em dois dias: sábados e domingos. Metade vê seus familiares no sábado, a outra metade, no domingo.
Ele disse que cerca de 50 flagrantes de tráfico de drogas são feitos por ano na Detenção. Marques afirmou que, na maioria das vezes, os agentes fazem essas apreensões na portaria do presídio, durante os dias de semana e nas revistas.
"Há um problema de segurança para um agente entrar em um pátio com mais de 1.500 presos e o dobro de familiares durante a visita para prender alguém que está consumindo droga."
O secretário afirmou que nos últimos 12 meses foram feitas duas revistas gerais com o auxílio da PM no presídio. Nelas, foram apreendidos crack, cocaína, maconha e facas.
"Conforme o problema da droga se agravou na sociedade, ele também cresceu dentro do presídio." O secretário disse que essa forma de tráfico e de consumo só existe na Detenção, pois nos outros presídios o controle é muito maior.
Recuperação
O tráfico e o consumo de drogas causaria outro problema: a dificuldade de recuperação do preso. "Como alguém pode se recuperar nesse ambiente e com essa superpopulação? Por isso, pretendemos desativar o presídio."
O diretor da Casa de Detenção, Walter Erwin Hoffgen, 52, disse que é difícil controlar o tráfico de drogas na prisão. Segundo ele, o entorpecente entra com visitas e é jogado por cima da muralha. "Pode haver conivência de algum funcionário. Quando descobrimos, nós punimos."
(MG)

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