São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996 |
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Zé Celso finalmente estréia sua "tragycomediorgya"
ELVIS CESAR BONASSA
"É um ato de fé cênica, de ressurreição do trabalho de grupo", diz Zé Celso. Falar em "fé" não é exagero, partindo da boca dele. O grupo conseguiu apenas R$ 60 mil, da Secretaria Municipal de Cultura, para realizar a peça -como diz o diretor, "o mesmo que eles dão para todo mundo, mesmo que seja um monólogo". Diretor e atores se consideram "posseiros" do teatro. Tombado em 1982 como patrimônio artístico, o Oficina está abandonado pelo poder público. Um convênio assinado no final do governo Fleury garantiria o funcionamento regular do teatro, mas o documento não foi honrado pelo atual governo do Estado. Patrocínios não aparecem. Diversas empresas foram procuradas pelo grupo, algumas chegaram a visitar o teatro. Mas nenhum empresário ainda quis se associar a um projeto que tem como princípio fugir radicalmente do padrão bem-comportado e comercial que está na raiz do conceito de "marketing cultural" -o "teatro morto", nas palavras de Zé Celso. É contra tudo isso, e absorvendo em sua estrutura todas essas brigas, que "As Bacantes" entram em cena, como uma grande festa, um espetáculo carnavalesco. O Teatro Oficina Uzyna Uzona, no entanto, não quer se render a uma posição supostamente heróica, orgulhosamente marginal. "As pessoas precisam ver nosso trabalho, nós estamos prontos para receber os patrocinadores, para negociar com o governo", diz o ator Pascoal da Conceição, também administrador do teatro. Eles têm três semanas para encontrar alguns elementos que ainda faltam: uma cantora, um flautista, parte dos figurinos. Mas isso não ameaça a estréia. Anunciada várias vezes nos últimos anos, a peça estará pronta no dia 1º. É um ato de fé no teatro. Próximo Texto: "É evangelho de Dioniso", diz diretor Índice |
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