São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
"The Van" encerra trilogia de Barrytown
AMIR LABAKI
A série foi aberta pelo musical "The Commitments", realizado por Alan Parker em 1991, e prosseguiu com "A Grande Família de Stephen Frears", feito para a TV, mas lançado nos cinemas em 1993, depois de uma consagradora sessão inaugural da Quinzena dos Realizadores de Cannes. Roddy Doyle batizou de Barrytown o bairro imaginário no norte de Dublin (Irlanda), onde localizou a trama de três de seus romances de maior sucesso. É uma região proletária, habitada por famílias que afogam em cerveja as dificuldades do desemprego e do desamparo social da Grã-Bretanha pós-thatcheriana. No primeiro filme, acompanhava-se o nascimento de uma jovem banda. O segundo (e melhor de todos) tinha por espinha dorsal o cotidiano de uma jovem solteira que engravida num momento de embriaguez. "The Van", agora, é uma espécie de misto dos capítulos anteriores. Na véspera da Copa do Mundo de 1990, dois amigos decidem driblar a desocupação, abrindo um negócio próprio. Reformam um caminhão, aprendem com a família rudimentos da cozinha rápida e põem nas ruas o "Bimbo's Burgers". O sucesso inicial da seleção irlandesa na Copa empresta-lhes o impulso fundamental para o desenvolvimento do negócio. Um desequilíbrio de partida cobra a conta logo adiante. Só um deles entrou com dinheiro. A avareza da mulher deste obriga-o a tornar o amigo um mero empregado. Mas a Justiça responde adiante, ao menos no universo humanista de Doyle-Frears. "The Van" ao mesmo tempo ganha e perde ao encerrar a trilogia. Começa com a imensa vantagem de proporcionar ao espectador um reencontro prazeroso. O gordinho de bochechas rosadas Colm Meaney é o carismático elo de ligação entre os três filmes, fazendo aqui o sócio pobre. O problema é a comparação. "The Commitments" e sobretudo "A Grande Família" estabeleceram um padrão dificilmente superável. "The Van" tem dos três a trama e -Meaney à parte- o elenco mais fracos. São problemas não plenamente balanceados pela direção mais sofisticada e por invejáveis valores de produção, como a trilha de Eric Clapton. Para os fãs da série, é um fecho em nota baixa. Para quem não viu os primeiros, é um aperitivo e tanto. Texto Anterior: Da travessia Próximo Texto: Ator 'cult' de Tarantino estréia na direção Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |