São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996
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É bom suar em Paris até sem banho

JOSÉ SIMÃO
DO ENVIADO ESPECIAL

Voltei! Com essas duas pernas que um dia abalaram Paris e que hoje não passam de dois abacaxis. E quem teve o privilégio de, como eu, viajar pela executiva da Air France volta apaixonado pela poltrona. Ela faz mais posições que o Kama Sutra. Na hora de transar você manda a poltrona em seu lugar. Faz mais posições que você.
E a companhia aérea que inventar uma pílula anti "jetlag" fica overbookada até a eternidade. E agora já tem até o aeroporto Charles De Gaulle 2. Tão criando uma dinastia de aeroportos.
Fui a um desfile para turistas nas Galerias Laffayette. E as francesas são bundudas. Deve ser de tanto tomar café com leite. Bundinha café au lait. Pior na passarela, melhor na cama. E os turistas ficam extasiados com aqueles bumba-meu-bois do Lacroix, mas descem e compram mesmo camisetas básicas por R$ 12.
E camisinha quer dizer capote. E nós simples mortais dizemos: "Vamos ver o Woody Allen e depois, ao MacDonald's". Os franceses como bons imortais dizem Woody Alân e MacDô!
Em Paris sentou, pagou. Duas cervejas custam 18 francos. Em pé. Sentado já vai para 38 francos. Coca-Cola é muito mais cara que vinho. Um amigo sempre diz que em Paris ele não tem poder aquisitivo para tomar Coca-Cola.
E quando os brasucas sacoleiros chegarem a Paris eu tenho certeza que eles vão baixar uma lei: só entra na Euro Disney quem for ao Louvre.
Cachorros
Não reclame dos cachorros. Nunca! Você sabia que esse negócio de querer obrigar os donos a limpar cocô de cachorro nas ruas quase derruba o Chirac quando ele era prefeito? Nos cafés, basta o cachorro abanar o rabo que o garçon já corre para servi-lo.
E quem reclama dos imigrantes está errado. Eles trouxeram e trarão uma vida nova a Paris.
E, partindo de Paris à noite, vá para a janela do avião e veja a Torre Eiffel iluminada. Só isso já valeu a viagem! Os franceses não gostam de banho, mas adoram dizer que é bom suar.
Ops, bon soir. Ca ces Paris!

LEIA MAIS sobre Paris nas págs. 6-2 a 6-8

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