São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 1996
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St-Germain não é mais aquela, mas continua bela

JOSÉ SIMÃO
DO ENVIADO ESPECIAL

St-Germain não é mais aquela. Não é mais o reduto de boêmios, intelectuais e existencialistas.
Agora só tem butiques. Griffes, griffes e griffes. Prada, Montana, Yamamoto, Kenzo. Se Albert Camus estivesse vivo, o máximo que ele escreveria seria sua assinatura num cheque na butique do Yamamoto. E de 5.000 francos.
E aí uma amiga me disse: "Eu soube que a Louis Vuitton abriu uma loja perto do Café de Flore." Perto não, querida. Ao lado! O toldo do Café de Flore termina no toldo da Louis Vuitton. Se Sartre estivesse vivo, ele não iria escrever "A Náusea", ia TER uma. Rarará!
Não deixe de fazer o programa tradicional: sentar-se no Café de Flore, pedir um cafezinho e reclamar do preço. Isso é um clássico. É o café mais caro do mundo. Dois cafés com um copinho de água mineral Baudoit e gorjeta, 100 francos. Ou seja US$ 20. O Les Deux Magots já é mais barato. Em vez de R$ 20, você paga R$ 19,99!
E não existe nada mais gostoso do que flanar pelas vielas de St-Germain, vendo os antiquários, as livrarias que ainda resistem, as vitrinas das rotisseries alsacianas, os "gateaux" rodando como frango de padaria em TV de cachorro.
Sensacionais! Vá até St-Germain. Tem de ir! Inauguraram um Armani novo, e os plissados do Yamamoto estão com cores sensacionais. E o Takeshi, do Shoptime da Globosat, comprou uma botinha preta no Claude Montana por 2.000 francos. Traiu os existencialistas! St-Germain não é mais aquela. Mas continua bela!

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