São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 1996 |
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Franceses restauram fita de Josephine Baker
ADRIANE GRAU
No entre-guerras dos anos 20 e 30, ela reinou soberana nos palcos do cabaré Folies Bergère e do classudo Cassino de Paris. Vestida apenas com um saiote de bananas, seios à mostra no primeiro ou cantando em francês no segundo, ela deixou pasma a audiência em ambos os locais. Até então, ninguém havia trançado as pernas e mostrado a sexualidade com a espontaneidade da mulata norte-americana. Mas só com a restauração de seu primeiro filme é que o mundo pode entender o que havia de tão especial no famoso par de pernas. Restaurado pelo Arquivo do Filme Francês, uma cópia de "Sereia dos Trópicos", filmado em 1926, é a mais recente conquista da Cinemateca da Dança, em Paris. O filme foi escolhido para encerrar a 39ª edição do San Francisco International Film Festival, dia 2 de maio nos Estados Unidos. Nua em cena -quando encarnou a ingênua Papitou-, la Baker tinha apenas 20 anos. Na tela, ela requebra pra lá e pra cá metida num minúsculo sarongue. Exuberância A história da moça das Antilhas, que salva o mocinho de olhos azuis e resolve persegui-lo até Paris, é apenas um pretexto para mostrar sua indiscutível exuberância. Quando suas pernas não dominam a cena, é porque ela está metida numa banheira. "Eu me impressiono com a atitude moderna de trazer a sexualidade para a frente da câmera", observa o diretor da Cinemateca da Dança, Patrick Bensard. "Ela fazia o que queria", afirma Bensard. "Era excêntrica", completa o filho, Jean-Claude Baker. "Há poucos filmes com negros mostrando tanta criatividade". A restauração do filme foi comemorada por estudantes de dança de todo o mundo. A tomada final, quando Papitou se despede de Paris, mostra o vigor de sua dança. Texto Anterior: "Un Certain Regard" destaca filmes com boas intenções Próximo Texto: Rolos ficaram perdidos por 70 anos Índice |
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