São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Federação favorece candidatura em MG

PAULO PEIXOTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em Minas Gerais, o empresário José Alencar Gomes da Silva, que presidiu a Fiemg entre 1989 e 1994, se lançou como candidato do PMDB na última campanha para o governo do Estado.
O último ano de sua gestão na Fiemg (Federação das Indústrias de Minas) foi marcado pelo uso político-eleitoral da entidade. Apesar de ter se licenciado do cargo em abril, continuou a frequentar, nos meses seguintes, as páginas do jornal "Sistema Fiemg".
Após se licenciar, promoveu no mesmo mês encontro com 120 prefeitos (a maioria do PMDB) no teatro do Sesi, em Belo Horizonte.
Ali, assinou convênios de US$ 28 milhões, assegurados pelo Sesi, para erguer CATs (Centros de Atividades do Trabalhador).
Antes disso, Gomes da Silva havia construído, durante sua administração, 32 outros CATs, a um custo total de cerca de R$ 44 milhões. A Folha apurou que só 7 dos 32 CATs seguiam normas técnicas determinadas pela entidade.
Alguns, como o de Frutal, que custou cerca de US$ 2 milhões, foram feitos em cidades sem indústrias. "A prioridade deve ser a formação de trabalhadores da indústria. Mas só abrindo o sistema vamos eliminar as falhas e o uso político", diz o vice-presidente da CNI e presidente da Fiemg, Stefan Salej.
Gomes da Silva negou, na campanha, ter mobilizado a Fiemg em favor de sua candidatura.
Segundo sua prestação de contas ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), ele foi um dos candidatos que mais gastou -cerca de R$ 6,5 milhões, quase o dobro do patrimônio que havia declarado possuir.
"É preciso dar um basta no clientelismo político, que foi a marca da gestão do Zé Alencar", diz Maria do Socorro Córdova, presidente do Senalba-MG (sindicato filiado à CUT, que reúne os trabalhadores no sistema).
"Candidatei-me para ter comportamento de administrador público que servisse como exemplo nacional", diz Gomes da Silva, que foi derrotado por Eduardo Azeredo (PSDB). Gomes da Silva preside o grupo Coteminas, que em 95 faturou cerca de R$ 200 milhões.

Colaborou Paulo Peixoto, da Agência Folha, em Belo Horizonte

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