São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996 |
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Sem estrutura, país aguarda ano 2000 O desafio para o Brasil VICTOR AGOSTINHO
Os prefeitos de todo o mundo, para proporcionar qualidade de vida e saúde aos habitantes, têm que se esforçar para cumprir duas metas do urbanismo conhecidas como 'plano marrom" e "plano verde". O objetivo principal do "plano marrom" é garantir infra-estrutura básica, afastando a população do contato direto com o esgoto e o lixo. Já o "plano verde" tem como meta, num primeiro momento, a reciclagem do lixo e, um passo adiante, estabelecer uma política industrial que diminua, na origem, a produção de detritos. Raquel Rolnik, arquiteta que coordena a pós-graduação da área de urbanismo da Unicamp, diz que no Brasil a situação é híbrida, coexistindo em uma mesma cidade os lixões, que apenas acumulam lixos; os aterros sanitários, que tratam precariamente os detritos; e a coleta seletiva, método mais avançado para a reciclagem dos rejeitos. Hoje, a situação com relação à coleta e ao tratamento de esgoto não é nada animadora para as cidades brasileiras. Ainda segundo o IBGE, 53% dos municípios não têm coleta de esgoto a domicílio. Quanto ao lixo, 60% vão para lixões. Relatórios da ONU mostram que 85% dos brasileiros têm acesso a água potável. Quase a mesma porcentagem que o Senegal (84%) e menos até do que o Zimbábue, onde 95% dos habitantes recebem água limpa. "O Brasil ainda não universalizou os serviços básicos. E agora, o que se discute, aqui e no mundo, não é mais a expansão, mas uma estratégia para fornecer o serviço", afirma Rolnik. A urbanista cita a Alemanha como exemplo bem-sucedido de um país que adotou o plano verde. "Na Alemanha, eles já estão pensando em eliminar o problema na produção. As fábricas de lá não podem mais fazer produtos que gerem tanto lixo. Os alemães estão propondo hoje uma indústria voltada para o não-desperdício", afirma. Texto Anterior: Consultor age como "bombeiro" de Istambul Próximo Texto: Assis recicla 100% de seu lixo Índice |
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