São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996 |
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Ação de cidadãos, governos e empresas torna mundo habitável
IGOR GIELOW
A opinião é de Ilham Tekeli, 58, professor de planejamento urbano da Middle East Technical University, de Ancara (Turquia), dada em entrevista por telefone à Folha. Ele é um dos conselheiros da organização da Habitat 2. Tekeli trabalha há 30 anos na área e criou o conceito de "livability" (padrão mínimo de qualidade de vida). "A idéia é dar uma resposta aos que defendem só a 'sustentabilidade', ou seja, a concepção de que o futuro nas cidades está garantido se evitarmos a poluição num nível extremo e se construirmos viadutos para melhorar o trânsito." "Isso é importante, mas não funciona sem incluir uma agenda de direitos humanos mínimos para os habitantes", completa. Folha - Qual é a perspectiva para o morador de uma cidade como São Paulo para o futuro próximo? Ilham Tekeli - Boa, se inserirmos novos conceitos na agenda dos países a partir da Habitat 2. Folha - Quais conceitos? Tekeli - Basicamente a "livability", que significa a implementação de padrões mínimos de direitos humanos para os moradores. Não adianta termos os recursos assegurados. Essa sustentabilidade é importante, mas só tem valor se algo for feito para o ser humano. Além de baixos níveis de poluição, é preciso um fórum para o cidadão checar a emissão dos poluentes e ter instrumentos para cobrar os responsáveis. O crime, que vem da degeneração social, só sairá da realidade urbana se houver uma agenda social. Folha - O governo é o fórum mais adequado para essa discussão? Tekeli - Já foi. Hoje, nós temos de pensar em como definir objetivos práticos para nossas utopias. São necessárias condições mínimas de moradia e respeito aos moradores. Se o governo garante uma, acaba não garantindo outra. Para isso, engajamento é essencial. Folha - Mas o governo não falhou? E as empresas? Se a mudança em prol da comunidade implicar queda de lucro, como ficaria? Tekeli - Bem, exatamente por isso o fórum tem de ser múltiplo. Só a parceria entre cidadão, governo e iniciativa privada pode garantir o assentamento ordenado -e digno- das populações. Texto Anterior: Plano do governo para as cidades traz parte das sugestões das ONGs Próximo Texto: Como será a conferência Índice |
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