São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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BID troca o governo central pelos locais

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

No 37º ano desde sua criação, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) prepara uma virada na política de financiamento de obras e programas sociais.
O banco, que sempre operou com governos centrais, pretende oferecer empréstimos diretamente a prefeituras -organismos que teriam maior capacidade de estabelecer as prioridades da população.
Também haverá incentivos para que ONGs (organizações não governamentais) assumam a execução de projetos.
A política de descentralização já está sendo praticada na Argentina, com o Programa de Desenvolvimento de Aglomerados Urbanos.
Leia entrevista concedida à Folha pelo representante do BID na Argentina, José Maria Puppo.

Folha - De que maneira o BID planeja operar no combate aos problemas urbanos?
José Maria Puppo - O banco está tratando de descentralizar suas operações. As prefeituras, por estarem mais próximas dos cidadãos, têm uma percepção muito mais clara de seus problemas.
Folha - Hoje o banco trabalha apenas com os governos centrais?
Puppo - Aqui na Argentina temos um projeto voltado especificamente para as grandes cidades.
Estamos analisando quatro delas: Mendoza, Córdoba, Rosário e Tucumán. A idéia é que os municípios escolham um ou vários projetos para investirem.
O empréstimo, porém, não é feito aos municípios, mas ao governo federal. Há uma idéia de o BID emprestar diretamente aos municípios. Será uma grande mudança.
Folha - O banco também leva em conta o poder de fiscalização dos cidadãos nas prefeituras?
Puppo - Sim. Essa é uma razão do incentivo à descentralização.
Folha - E qual o papel das ONGs na execução dos projetos?
Puppo - Para trabalhar com recursos de empréstimos, as ONGs precisarão de algum aval dos governos. Mas percebemos uma aceitação muito maior, por parte dos governos da América Latina, da participação de ONGs nos projetos. Algo que há dez anos teria sido impensável.

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