São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Médico alerta para perigos das banheiras

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Imagine a banheira cheia de espuma, a água bem aquecida, uma hora para gastar ali, a borda repleta de sais, xampus, bolinhas perfumadas. Pode parecer o banho ideal, mas não é.
A receita de banho prescrita pelos dermatologistas é quase espartana: não deve passar dos dez minutos, a água precisa ser morna, o uso dos sabonetes e xampus tem de ser moderado.
"Uma única ensaboada, pouco sabonete e nada de buchas ou esponjas", receita Osmar Rotta, chefe de dermatologia geral da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.
"Pessoas com pele seca precisam redobrar os cuidados", diz Celina Maruta, dermatologista do Hospital das Clínicas. O ideal são sabonetes neutros ou glicerinados. No inverno, quando a pele seca ressente mais, a atenção com o banho precisa ser maior ainda.
Água salvada
Se o banho for de banheira, os médicos recomendam a adição de sais para manter a pele hidratada. Mas mesmo na banheira o banho não deve ir além dos 20 minutos.
Os médicos só estão pensando na saúde de sua pele, eles afirmam. Retirar a manta lipídica -a película de gordura que recobre a pele- é deixar o organismo mais suscetível a infecções cutâneas.
Mais de um banho ensaboado por dia, muito tempo sob duchas quentes e o uso excessivo de sabonetes e esponjas exterminam a camada protetora.
Osmar Rotta diz que essas práticas podem provocar uma xerodermia, ressecamento da pele que tende a evoluir para um eczema e outras infecções da pele.
A dermatologista Celina Maruta ressalva que "ainda não está totalmente documentada" a forma como a manta lipídica protege a pele, mas ela acredita que essa camada de secreção sebácea de fato exerce uma função de barreira.
Um por semana
A receita do banho é a mesma há mais de meio século. Aurélio Ancone Lopes, dermatologista há 59 anos, também prescreve o banho morno e rápido. No verão, admite até dois. "Mais que isso é abuso."
Nesse tempo todo, ele diz que o ritual do banho continua o mesmo. "Só uma coisa mudou: hoje tem mais gente tomando banho."
O que não se conhece ainda são os limites do banho. Por exemplo, o europeu que mergulha na banheira uma vez por semana está mais protegido que o brasileiro que toma duas duchas por dia?
Não há indicações de que lá ou aqui proliferem mais doenças de pele, afirmam os médicos.

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