São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996 |
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Comitê quer "maquiar" favela no Rio Muro esconderia problemas RONI LIMA
A rede de coleta de lixo flutuante seria colocada já em novembro -quando chega ao Rio uma equipe do COI (Comitê Olímpico Internacional)-, para tentar melhorar o aspecto visual de uma praia da ilha do Fundão, que vive cheia de entulho. Em frente a favelas do complexo da Maré, em Bonsucesso (zona norte), um muro de dois quilômetros de extensão e três metros de altura, nos dois lados da Linha Vermelha, tentaria evitar as balas perdidas de rivais do tráfico. O projeto da rede de lixo foi apresentado há um mês em reunião do comitê para discutir questões ambientais. Um dos participantes, que pediu para não ser identificado, disse à Folha ter ficado indignado com a proposta. O projeto O muro de concreto é uma bandeira do deputado federal José Carlos Lacerda (PSDB-RJ), que assume dia 5 de junho a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Baixada Fluminense. Lacerda confirma que a viabilidade financeira e política da construção vem sendo discutida tanto no comitê como no governo do Estado. Um dos coordenadores do comitê, Fernando Almeida, negou a existência dos dois projetos de "maquiagem". A idéia de se instalar a rede de coleta de lixo flutuante nasceu de um antigo projeto de técnicos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), cujo campus principal fica na ilha do Fundão, em frente ao complexo da Maré. A reitoria da UFRJ pensa em criar um parque aquático na enseada do Catalão, que tem um perímetro de cerca de 4,5 km de praia. O local, porém, vive imundo, com pedaços de madeira, pneus, papéis e outros tipos de lixo que chegam pelo mar. Para facilitar a limpeza, foi elaborado o projeto de uma rede coletora, que reteria 90% do lixo flutuante. O lixo acumulado seria então retirado por embarcações. Integrantes do comitê acharam boa a idéia. Se o Rio for escolhido em setembro de 97 para sediar a Olimpíada do ano 2004, o Fundão será a principal área de atividades. Ali funcionarão, por exemplo, a Vila Olímpica, para alojar cerca de 15 mil atletas e técnicos, e estádios para competições como atletismo e natação. a enseada poderia servir como área de lazer e até de treinamento de competições. Informado dos projetos por técnicos com assento no comitê, o coordenador da entidade Os Verdes, Sérgio de Lima, 28, diZ: "Isso é pura maquiagem. Mas o que será feito ou não vai depender da pressão da sociedade organizada". Texto Anterior: Restaurante passa a cobrar estacionamento Próximo Texto: Visita do papa gerou melhorias Índice |
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