São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Emprego doméstico têm 'boom' em abril

FLAVIO CASTELLOTTI
DA REDAÇÃO

O índice de ocupação do setor de serviços domésticos foi o que registrou maior crescimento em abril: 8,1% sobre março, segundo a pesquisa de emprego e desemprego do Seade/Dieese.
Mas isso não significa que o poder aquisitivo da classe média tenha aumentado e que, por isso, ela esteja contratando mais empregadas domésticas.
"A renda da classe média está paralisada", diz Sérgio Mendonça, diretor técnico do Dieese.
Para ele, a explicação é outra: nos últimos 12 meses a taxa de desemprego entre chefes de família cresceu 27,3%.
Com isso, suas mulheres estão tendo de sair às ruas para ganhar dinheiro. Acabam caindo no segmento de serviços domésticos, que tem grande mobilidade e requer pouca qualificação.
Ou seja, o crescimento do nível de ocupação no setor doméstico reflete antes a deterioração do mercado de trabalho paulista do que um eventual aumento do poder aquisitivo da classe média.
Diaristas
Mas é a classe média, apesar de sua renda estagnada, quem está contratando as novas empregadas que surgem no mercado.
Para Mendonça, muitas delas são diaristas. Pessoas que trabalham apenas uma ou duas vezes por semana, mas que já passam a constar do item "ocupadas" da pesquisa Seade/Dieese, causando a enorme alta, observada em abril.
Gildaci Dantas de Jesus, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de São Paulo, afirma que a demanda por registros aumentou 40% em abril (sobre março), o que confirma o crescimento do nível de ocupação observado em abril pela pesquisa.
Segundo ela, cerca de 12% das pessoas que se registraram em abril são novas no setor.
"Há grande procura por parte de diaristas e homens, sobretudo egressos da construção civil", conta Gildaci. O nível de ocupação no setor de construção caiu 11,2% em abril com relação a março, como mostra a pesquisa.

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