São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Método beneficia cargos mais baixos

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nova metodologia de análise de cargos e salários está agitando o mercado neste mês.
Trata-se do PhD (Plano de Hierarquia Decisória), que, segundo o próprio nome diz, não leva em conta dados clássicos, como escolaridade e experiência profissional, mas o poder decisório de cada um dos funcionários.
O método é aplicado pela consultoria Pegler & Associados, de São Paulo, a partir de um questionário respondido pela empresa e aplicável a todos os níveis.
São elaborados então gráficos -segmentados por ramo de atividade e porte da organização-, que vão apresentar salários mínimos, médios e máximos. Eles mostram se estão de acordo com o que é pago no mercado geral.
Sigilo
"Normalmente a empresa não abre o gráfico para os funcionários, mas usa internamente", esclarece Robson Lodi, 32, consultor da Pegler & Associados.
O resultado prático das duas vezes em que a pesquisa foi aplicada -em agosto do ano passado e maio deste ano- é que, comparativamente, as empresas estão preferindo cortar níveis hierárquicos mais altos e aumentar o salário dos mais baixos (veja quadro ao lado).
Os profissionais são divididos em sete núcleos. Os cargos mais altos (núcleo 1), caso do diretor de divisão de uma empresa de bens de consumo, tiveram uma queda de 9% nos salários.
Já uma recepcionista (nível 6) do mesmo tipo de empresa teve um aumento salarial de 15%.
"Deram mais responsabilidades a níveis mais baixos", afirma Winston Pegler, 51, presidente da consultoria. "Quem fica acaba se beneficiando da mudança. A folha salarial cai, e o salário aumenta."
Segundo ele, nomes pomposos não têm vez com o novo método. Um diretor pode virar assistente, e uma secretária, dependendo de seu poder decisório, ganhar status de diretoria.
Demissões
"Não vamos ser hipócritas, dizendo que não haverá demissões", afirma José Marques, 51, diretor da área administrativa e financeira da Starrett, empresa de ferramentas que tem 460 funcionários.
Ele vai implantar o método. "Quando a gente empata em qualificação do profissional, o que desempata é o seu poder decisório."
"Além do mais, você pode fazer fusões das funções", afirma, explicando o possível motivo para demissões. "Os menos qualificados vão sobrar mesmo."
Ele se recusa a chamar o processo de uma espécie de reengenharia. "O método PhD é bem menos agressivo."

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