São Paulo, domingo, 26 de maio de 1996
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Promessas e traições

SÍLVIO LANCELLOTTI

No sábado, na Suíça, os 21 sisudos integrantes do Comitê Executivo da Fifa decidirão o destino da Copa de 2002, entre a Coréia do Sul e o Japão.
Apesar dos esforços, inclusive financeiros, uma avalancha de promessas, Chung Mong-joon, representante da Coréia do Sul no Comitê e acionista majoritário da Hyundai, não inverterá a tendência de vitória do Japão.
Bilionário fanático por futebol, dono de uma empresa capaz de produzir de 1,4 milhão de automóveis ao ano, Chung Mong-joon se considera particularmente traído.
Um ano atrás, a Coréia do Sul mandava com 14 votos a 7. Dos 14 apoiadores fazia parte, segundo ele, Ricardo Teixeira.
Mong-joon acusa outro brasileiro, João Havelange, presidente da Fifa, de reverter a votação com a sua pressão.
Havelange não responde às denúncias de Mong-joon. Prefere asseverar a imparcialidade.
Quanto ao sufrágio no Comitê, trata-se de um privilégio pessoal que Havelange não informaria a ninguém.
Mong-joon esperneia injustamente. Trabalham empenhadamente pelo Japão outros personagens, como o mexicano Guillermo Canedo, o decano do Comitê, e o italiano Antonio Matarrese, influentíssimo na África e preocupado com a crise de fronteira entre as Coréias.
Hoje, a Coréia do Sul perde por larga e aparentemente irreversível diferença, 16 a 5. Pior: além do próprio sufrágio, Mong-joon só confia na fidelidade de dois colegas de comitê, o desimportante Henry Fok, de Hong Kong, e o folclórico Vlacheslav Koloskov, da Rússia.
Embora o Japão não tenha participado de uma Copa, escolhê-lo em detrimento da Coréia do Sul não representa "opção meramente política, ato de protecionismo de fundo comercial", como insiste Mong-joon.
Além de muito mais charme, o Japão promete garantia de segurança que nem os bilhões de dólares da Hyundai oferecem.

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