São Paulo, sábado, 1 de junho de 1996
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Ator brasileiro faz ao avesso as rotas da colonização

Marcos Azevedo prepara em Londres "Caliban", de sua autoria

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ator e agora dramaturgo Marcos Azevedo está desde o início da semana em Londres, para ensaios abertos da peça "Caliban". É uma viagem colonizadora ao avesso. Caliban é um personagem de Shakespeare, em "A Tempestade", que representa os selvagens canibais da América.
Azevedo diz que Caliban (anagrama de canibal) simboliza "o Brasil dos excluídos". Rubrica que engloba negros, índios, presos, pobres, sem-terra. "Montei um roteiro que descontextualiza Caliban. Estou usando, ao lado de textos de Shakespeare, notícias de jornal relacionadas com essa exclusão."
Caliban é o nativo de uma ilha aonde chegam Próspero e sua filha. Este transforma a ilha em seu domínio e faz de Próspero seu servo. O canibal tenta se aproximar da filha de Próspero e sofre um castigo: é obrigado a cavar, diariamente, sua cova.
No texto de Azevedo, há cinco personagens: Caliban, Próspero, um jornalista, um narrador e o ator. Mas é um monólogo. Símbolos como um cocar ou uma capa marcarão a transição de um personagem a outro.
A peça está em fase inicial. A previsão é de estréia em maio de 97, na Europa, e apenas em 98 no Brasil.
Azevedo, simultaneamente, atua na Companhia de Ópera Seca, dirigida por Gerald Thomas -trabalhou em "Dom Juan", "O Império das Meias Verdades", "Unglauber" e agora em "Nowhere Man".
Mas a idéia da peça surgiu, em 92, de um trabalho com outro diretor, Ulysses Cruz. Naquele ano, Azevedo foi um dos atores de "Macbeth", de Shakespeare.

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