São Paulo, domingo, 2 de junho de 1996
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Evite compras financiadas

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Outra boa dica dos especialistas é fugir dos juros elevados dos crediários, cheque especial, créditos ao consumidor e financiamento das lojas. Não raro essas taxas passam de 10% ao mês, uma loucura quando se compara com uma inflação de 1,5%.
É muito comum pessoas com dinheiro na caderneta de poupança -que em maio rendeu menos que a inflação- abrirem crediários ou comprarem a prazo de outras maneiras, desperdiçando dinheiro.
O consultor Louis Frankenberg mostra o desperdício: uma geladeira Cônsul de 275 litros era vendida no mês passado por R$ 475 numa loja de São Paulo. Financiada, saía por 16 prestações de R$ 55,20, num total de R$ 883,20. Se o consumidor comprasse à vista, economizaria R$ 408,20.
Se poupasse os mesmos R$ 55,20 durante nove meses, teria R$ 496,80 para comprar a geladeira e ainda sobrariam os juros.
O mesmo raciocínio vale para os consórcios. Quem se dispõe a comprar um carro nesse sistema paga, em média, 15% a mais pelo produto.
Outra forma de escapar do desperdício financeiro é utilizar o FGTS para abater a dívida da casa própria. Se for assalariado, o mutuário tem o equivalente a 8% de seus vencimentos mensais depositados no FGTS, que paga juros de 3% ao ano mais a TR. Por sua vez, o SFH cobra de juros de 12%.
O sistema permite que, a cada dois anos, o mutuário levante seu FGTS para abater o saldo devedor, desde que o montante represente pelo menos 12 prestações.
Uma pessoa com renda mensal de R$ 3.200 e um financiamento de R$ 57 mil por dez anos poderia quitar o contrato em 80 meses -40 meses antes do previsto. A diferença no prazo e no diferencial dos juros representa uma economia de R$ 12.187,09.
"Abater o FGTS é a melhor opção para se economizar no SFH", diz Fábio Nogueira, diretor do Banco de Boston. "A segurança do fundo em caso de desemprego pode ser substituída por uma poupança paralela."
(MG)

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