São Paulo, quinta-feira, 6 de junho de 1996
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O fator Olimpíada

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Alguém teria de falar disso, cedo ou tarde. Então, vamos lá.
Já é voz corrente entre os políticos que a Olimpíada de Atlanta atrasará em um mês a parte quente da eleição para prefeitos de 3 de outubro.
A Olimpíada vai de 19 de julho a 4 de agosto. Normalmente, não é o tipo de evento que empolga multidões no Brasil. Só que, desta vez, por causa da ênfase que a seleção olímpica de futebol vem recebendo, políticos avaliam que o eleitorado ficará inalcançável enquanto durar o torneio.
Será uma situação semelhante à da Copa do Mundo de Futebol nos EUA, em 94. A competição teve efeito semiparalisante na campanha presidencial daquele ano. Com a diferença de que a Copa terminou no meio de julho.
Essa postergação agrada a todos. Ao eleitor, que será poupado das besteiras eleitorais por um mês. Aos políticos, que não terão de se esforçar para falar menos besteiras. E especialmente ao empresariado. Os donos do dinheiro já avisaram os candidatos que preferem esperar para descarregar as doações depois da Olimpíada.
Para os empresários, esperar para dar o dinheiro é melhor por dois motivos. Gastam menos e escolhem os melhores candidatos, supondo-se que em agosto o quadro eleitoral defina-se com mais nitidez do que agora.
Dentro desse quadro, as candidaturas da maior cidade do país, São Paulo, podem ficar congeladas em marcha lenta por mais dois meses.
As grandes dúvidas paulistanas continuam sendo o PMDB e o PTB. Mesmo sem chances de ganhar, esses partidos oferecem muito: minutos na TV e fortes candidatos a vereador.
Por incrível que possa parecer, o PTB, tradicionalmente uma legenda de aluguel paulista, pode manter candidatura própria.
Isso favoreceria o malufista Celso Pitta, do PPB -pois o tucano José Serra ficaria sem os preciosos sete minutos petebistas.
Já no PMDB, a bagunça é total. É imprevisível a rota a ser tomada.

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