São Paulo, domingo, 9 de junho de 1996 |
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A celeuma Dornbusch
ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR. As declarações atribuídas a Rudiger Dornbusch na Austrália não são novidade para quem conhece o mercado cambial ou é bem-formado em macroeconomia. Em essência, a atual combinação de defasagem cambial, juros altos e déficit fiscal é receita segura de como semear ventos hoje para colher tempestade amanhã.Houve um grande alarido por nada. Objetivamente, o país não corre o perigo de uma crise cambial no futuro próximo. Afinal, se há algo que sabemos é que crises cambiais não ocorrem em países que tenham US$ 60 bilhões de reservas internacionais, como o Brasil. Teme-se que essas reservas sejam voláteis e se esvaziem da noite para o dia. Esse é um medo descartável. Perda de reservas se distribui pelo tempo. Se o BC notar que está perdendo reservas em um ritmo maior do que o desejado, basta subir um pouco a taxa de juros interna que o problema desaparece. Mas fica o registro de que a política econômica atual é inconsistente. Há tempo para corrigir, mas não para tergiversar. O que preocupa não é o câmbio, mas a crise bancária em andamento. Como a taxa de juros foi mantida em um nível elevado por muito tempo, uma configuração estranha começa a se revelar. Embora a taxa de juros esteja menor no presente, o estrago já está feito, com a acumulação de estoques de dívidas impagáveis. Resta saber quem irá pagar por esse estranho fruto. Desconsideração Estou indignado com a cobertura feita pela "Gazeta Mercantil" sobre a conferência sobre globalização que organizei. O jornal dedicou uma página inteira no dia 24 e outra, em 27 de maio, reportando alguns dos temas debatidos. Mas não publicou nem uma linha sequer sobre quem organizou e o esforço de um grupo para conduzir a reunião. Contar um fato sem dar crédito ao trabalho necessário para botar o andor na rua faz pouco caso de quem trabalha. Álvaro Antônio Zini Júnior, 43, é professor titular de Economia Internacional da Faculdade de Economia e Administração da USP e autor do livro "Taxa de Câmbio e Política Cambial no Brasil", Edusp, 1993. Texto Anterior: Seguro une Generali e Sudameris Próximo Texto: A quebradeira e os deuses do Olimpo Índice |
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