São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996 |
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Número de mortos volta a crescer em 95
MARIO CESAR CARVALHO; VIVALDO DE SOUSA
Não há aí nenhum falso paradoxo. É que empresas evitam registrar acidentes porque o funcionário passa a ter direito a um ano de estabilidade quando o período de afastamento ultrapassa 15 dias. O período de estabilidade foi garantido pela lei 8.213, de 1991. Talvez seja por causa dessa distorção que o Brasil tem um índice de mortos por acidentes quase igual ao da Nicarágua e 10 vezes maior do que o dos EUA. Aqui ocorrem 9,35 mortes a cada 1.000 acidentes; nos EUA, é 0,95. Até o governo não confia nas estatísticas. Um grupo interministerial discute uma metodologia para tornar os dados mais confiáveis. "A realidade é pior do que os números da Previdência", diz o secretário de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho, Zuher Handar. Segundo ele, não é possível afirmar que o número de acidentes de trabalho esteja caindo. O que é certo, diz, é que subiram as notificações de doenças do trabalho nos últimos quatro anos. José Carlos Seixas, secretário-executivo da Saúde, diz que, mesmo sem dados confiáveis, o número de acidentes "é muito alto para um país com o grau de desenvolvimento do Brasil". Para Seixas, ex-presidente da Fundacentro, o acidente não pode ser visto como "imprevisível". O advogado Antonio José de Arruda Rebouças, 49, afirma que, além de políticas preventivas, o número de acidentes vai cai quando as empresas forem penalizadas economicamente, com ações na Justiça. Texto Anterior: 'Voltei a trabalhar porque não dá para viver só com benefício' Próximo Texto: Novo tipo de lesão invalida jovens Índice |
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