São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Mutilados são 8% em metalúrgica
MARIO CESAR CARVALHO
Ambos trabalham na Tecnoestamp, metalúrgica de Cotia (Grande São Paulo), marcada por uma estatística macabra: 18 de seus 220 empregados (8,18%) têm algum tipo de mutilação, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco. O advogado da empresa diz que os mutilados são 12. As histórias sobre os motivos que levaram à mutilação na Tecnoestamp -empresa que faz peças para a indústria automobilística, principalmente para a Volkswagen- se repetem. O motivo, na maioria, é falha nas prensas. "Não foi culpa minha. Foi a máquina que repicou", conta José Ricardo Gomes, 30. Repicou, aí, quer dizer que a prensa movimentou-se sem que nenhum botão ou pedal fosse acionado. No dia 30 de abril de 1991, Gomes perdeu o polegar direito num desses repiques. "Comigo também foi um problema na máquina", diz Coroba. Há três semanas aconteceu o mais recente acidente na Tecnoestamp. O sindicato diz que o metalúrgico que perdeu o dedo estava há 15 dias na empresa e não havia passado por treinamento. O caso de Clemente Rodrigues Santos, 36, chega a ser kafkiano pelo apego do INSS ao texto da lei. Santos não perdeu nenhum membro. Mas perdeu um naco de cerca de 3 centímetros na região da mão contígua ao dedo mínimo direito. O acidente aconteceu em 1987, mas até hoje ele não recebeu um centavo do INSS. A alegação é a de que ele não sofreu amputação. "O problema é que eu não mexo mais o dedinho, não carrego peso e estou perdendo os movimentos da mão direita", enumera Santos. Gomes viu a lei ser cumprida. Recebe R$ 86 do INSS, além do salário de R$ 526. Só não pode voltar para a prensa -é estoquista. (MCC) Texto Anterior: 'Segurança agora é total' Próximo Texto: Ainda Dornbusch (3) Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |