São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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Uso do FGTS na compra é maratona

DA REPORTAGEM LOCAL

O uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para a compra de um imóvel exige muito esforço e muita paciência.
O trabalhador interessado é obrigado a realizar uma verdadeira "procissão cartorial" em busca da mais variada quantidade de certidões e documentos.
Por isso, o processo é demorado, principalmente durante o período de recolhimento de documentos.
Depois que essa fase é encerrada, a CEF (Caixa Econômica Federal), por exemplo, leva mais 30 dias para liberar o dinheiro.
Documentação
O agente financeiro onde será feito o resgate, por sua vez, vai exigir mais de 35 documentos do comprador, do vendedor e do próprio imóvel.
Para comprovar que não possui imóvel na cidade, por exemplo, o comprador pode apresentar uma cópia da declaração do imposto de renda dos últimos três anos.
Mas a Receita Federal leva entre 20 e 30 dias para emiti-la, e o agente financeiro pode considerar esse documento insuficiente.
É mais garantido obter uma certidão negativa nos cartórios de registros de imóveis da cidade.
Em São Paulo, há 18 deles -e é necessário ter a certidão de todos. A emissão leva, em média, cinco dias úteis em cada cartório.
Se o imóvel for adquirido de uma pessoa física, o passeio pelos cartórios não pára por aí.
Nesse caso, será necessário apresentar certidões do cartório distribuidor de ações civis e do cartório de protestos e títulos, atestando a situação legal do vendedor.
É preciso administrar bem a retirada das certidões. Em geral, valem por 60 dias. Se vencer o prazo, têm de ser retiradas de novo.
A profusão de documentos levou a geógrafa Neusa de Andrade Máximo, 40, que mora em São Paulo, a contratar um despachante para percorrer os cartórios.
Ela vai pagar R$ 230 pelo serviço, mas não viu alternativa. "Se tivesse de fazer tudo sozinha, perderia pelo menos um dia de trabalho."

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