São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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Novo mandato é vital para evitar retrocesso

TATIANA DIACHENKO

Nas eleições presidenciais de hoje, os russos, mais do que eleger um chefe de Estado, deverão se pronunciar pelo sistema político que desejam para seu país.
Depois de cinco anos de construção de uma sociedade democrática, a Rússia se transformou num país de pessoas livres, e as principais conquistas desse difícil período foram as liberdades política, econômica, individual e de consciência.
Como diz o presidente Boris Ieltsin, se as reformas tivessem começado a ser executadas 10 ou 15 anos antes, nós, russos, estaríamos vivendo hoje em uma sociedade estável e próspera, e não teríamos sido obrigados a levar as reformas a cabo de maneira tão dura e rápida, nem com tão chocantes consequências sociais.
A economia russa está ingressando numa fase em que a renovação e o despontar de novas possibilidades estão se tornando realidade. Mas para conseguir que essa situação se torne irreversível precisamos de apoio público e estabilidade política.
De outro modo, o alto preço pago pelas reformas terá sido inútil, e mais para a frente teremos de recomeçar tudo do princípio.
De outro modo, o alto preço pago pelas reformas terá sido inútil, e mais para a frente teremos que recomeçar tudo do princípio.
A tarefa do governo para os próximos quatro anos foi delineada pelo presidente no último dia 31 de maio, quando apresentou seu programa de ação para o período 1996-2000, intitulado "Rússia: homem, família, sociedade e Estado".
A principal realização do governo Ieltsin é ter conseguido evitar uma catástrofe econômica e social na Rússia, onde hoje os sinais de vida normal podem ser vistos por toda parte.
De fato, foram assentadas as bases para uma rápida recuperação econômica e em alguns setores, como nos da construção residencial e da conversão das fábricas de armas e de metais ferrosos e não-ferrosos, a queda da produção já chegou ao fim, dando lugar ao crescimento.
Pouco a pouco as pessoas estão começando a esquecer a escassez de diferentes produtos: hoje o mercado está saturado de bens alimentícios e de consumo. Como diz Ieltsin, chegou a hora de o povo encher o bolso.
Se o povo russo renovar sua confiança no governo atual, será possível continuar a luta contra a inflação, que até o ano 2000 poderá ser reduzida a 5% ao ano. A meta é coerente com os resultados obtidos pelo governo atual. Em 1992, os russos sofriam uma inflação de 2.650% ao ano, que caiu para 131% no ano passado e que deve chegar a 1,9% ao mês no decorrer deste ano.
Seguindo esse caminho, o rublo se transformará numa moeda conversível, e o crescimento econômico será superior aos 4% anuais.
A tarefa mais importante do próximo governo será elevar a renda real da população. Ieltsin se propõe a aumentar as pensões mínimas para que superem o nível de subsistência.
Mas não apenas de pão vive o homem, pois não há vida normal sem liberdade, sem competição de idéias, sem o desenvolvimento da cultura e das artes.
Por outro lado, a fé -em Deus e nas próprias forças- retornou à Rússia. E o povo já não teme criticar seus chefes (inclusive o presidente), como bem sabe Ieltsin.
Ieltsin se propõe a continuar sua política de transformar a Rússia em uma federação autêntica. Ele já conseguiu dissipar o perigo de uma desintegração territorial.
Boris Ieltsin tem personalidade enérgica e carismática. Todos os erros que cometeu nos últimos anos são efetivamente seus, mas também são suas muitas coisas positivas e numerosas conquistas obtidas em seu mandato presidencial.
Como prometeu a seus compatriotas, nunca dará marcha a ré no caminho rumo à liberdade e à prosperidade.

Tradução de Clara Allain

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