São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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o amor

CAIO TÚLIO COSTA

Quanto mais progride o individualismo, mais vulgar se torna o amor
Falar de amor é repetir banalidades. Torço para não ser trivial a conversa sobre o amor prevista para a próxima emissão dos Diálogos Impertinentes(*). Porque o amor, cantado e recantado, virou coisa corriqueira. Quanto mais progride o individualismo no cotidiano, mais vulgar se torna o amor e tudo o que ele representa.
Para uns, já foi alegria: "O amor é uma alegria acompanhada da representação de uma causa exterior" (Espinosa). Para outros, necessidade: "Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca tive, mas viver sem amor acho impossível" (Jorge Luis Borges). Ou esforço: "Ama-se o que se conquista com esforço" (Aristóteles). Ou então poesia: "O amor é a poesia dos sentidos" (Balzac). Para os práticos, aprendizado: "Ama os teus inimigos porque eles te dizem os teus defeitos" (Franklin). Para muitos outros foi sofrimento e morte, como na história de Tristão e Isolda, conjunção de pessimismo e amor.
Por mais que a experiência de cada um com as diferentes possibilidades de amor seja única, esta palavra não carregaria potencial tão grande de vulgaridade se muita gente não a tivesse moído de uma maneira ou de outra na vida ou na arte.
Por essas e outras me sinto incapaz de acrescentar qualquer coisa ao tema. Tento resolvê-lo apresentando a vocês minha lista de homens e mulheres -alguns personagens- que souberam, ou sabem, enfrentar o amor de maneira profunda.
Esta é minha contribuição ao diálogo sobre tema tão vulgarizado quanto misterioso e mágico.
Alguns nomes fundamentais no amor: Jean Seberg, Clawdia Chauchat, Maurice Chevalier, Platão, Lucille Ball, Peter Bogdanovich, D.H. Lawrence, Luchino Visconti, Werther, Tony Cragg, Aretha Franklin, Jeanne Moreau, Pablo Neruda, Herberto Helder, Atget, Elvis Presley, Cole Porter, Manuel Bandeira, Maria Callas, Tinguely, Claude Lelouch, Empédocles, Barbara Stanwyck, Isaac Bashevis Singer, Hans Castorp, Alban Berg, Charlotte Rampling, Doris Day, Luise Colet, Alma Mahler, Baudelaire, William Burroughs, Murilo Mendes, Ana‹s Nin, Kenji Mizoguchi, Adélia Prado, Jorge Luis Borges, Espinoza, Lulu, Mário de Andrade, Leo Pinsker, Ana Cristina César, Sonia Sanches (Benita), Thomas Mann, Sigmund Freud, Cabrera Infante, Françoise Dolto, Norma Bengell, Rabiáh al-Ádawiyah, John Lennon, Solveig Dommartin, Frida Kahlo, Lupicínio Rodrigues, Georges Bataille, Severo Sarduy, Simone Signoret, Leila Diniz, Yves Montand, Etienne de la Boétie, Christy Turlington, Nietzsche, Lena Olin, Norman Mailer, Dylan Thomas, Katherine Mansfield, Panagulis, Céline, Charlie Parker, Tom Ripley, Schopenhauer, José Lezama Lima, Oriana Fallacci, Miles Davis e Lou Andreas-Salomé.
A lista é aleatória, reflete um estado de espírito, dispensa ordem e hierarquia -como o amor. Não cabe mais gente nem falta ninguém. Quem quiser que faça a sua.

(*) Os Diálogos Impertinentes que discutirão o Amor acontecem na terça-feira, 25 de junho, no Teatro de Arena do Tuca, com transmissão ao vivo pela redes NET e Multicanal. Promoção da Folha, PUC e Sesc.

Ilustração: Escultura "Arthur Schopenhauer" (1988), da série "Os Filósofos", de Tinguely

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