São Paulo, domingo, 16 de junho de 1996
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Líder de bóias-frias rejeita política

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um líder sem terra que condena a violência e não permite que se hasteiem bandeiras vermelhas nas propriedades ocupadas pelos lavradores. "Vermelho lembra sangue. Prefiro o verde da esperança", costuma dizer Regino.
O personagem de Jackson Antunes desempenha papel fundamental na segunda fase de "O Rei do Gado". Destemido, dá muita dor de cabeça para Bruno Mezenga (Antônio Fagundes), pecuarista moderno, dono de fazendas em São Paulo, Mato Grosso e Goiás.
Por um erro de avaliação, um de seus latifúndios -o de Pereira Barreto (SP)- é considerado improdutivo pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Regino aproveita a deixa e comanda a invasão da propriedade.
Entre os bóias-frias que participam da ocupação está Luana (Patrícia Pillar). Despolitizada, mas extremamente corajosa, a moça acaba despertando a paixão de Mezenga.
O fazendeiro, mal se vê às voltas com os sem-terra, decide pedir ajuda para um político amigo. Recorre, então, ao Senador (Carlos Vereza), parlamentar honestíssimo que tem contatos no Incra e não perde uma sessão do Congresso.
Didatismo
Com a novela, Benedito Ruy Barbosa espera desfazer "algumas confusões muito comuns quando se trata de reforma agrária". O autor deseja demonstrar que:
- O governo pode cometer erros ao classificar uma propriedade de improdutiva.
- Os sem-terra não são baderneiros e nem sempre estão sob a influência de grupos políticos.
- Existem latifúndios produtivos no Brasil e empresários rurais progressistas, que rejeitam o estereótipo dos velhos coronéis.
O tom didático de "O Rei do Gado" remete não apenas à recente "Renascer", mas também às primeiras novelas de Ruy Barbosa. Entre agosto de 1971 e maio de 1972, por exemplo, o autor escreveu "Meu Pedacinho de Chão", que a Globo e a Cultura exibiram simultaneamente.
A trama procurava dar noções de higiene e técnicas agrícolas para o homem do campo.
(AA)

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