São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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Desativação de clínica no Rio é adiada

DA SUCURSAL DO RIO

A desativação da clínica Santa Genoveva (Santa Tereza, zona sul do Rio), ordenada pelo ministro da Saúde, Adib Jatene, e prevista inicialmente para sexta-feira passada, deve ocorrer até amanhã.
A previsão é da chefe do escritório do ministério no Rio, Maria Manoela Alves dos Santos. Dos 238 pacientes que estavam hospitalizados na Santa Genoveva na semana passada, 121 continuavam na clínica ontem.
Segundo Maria Manoela, 31 pacientes necessitam de acompanhamento médico diário e serão transferidos para hospitais e clínicas da região metropolitana do Rio.
Os outros 13 internados seguirão para o Centro Psiquiátrico Pedro 2º, no Engenho de Dentro (zona norte), pois, segundo a representante do Ministério da Saúde, sofrem de problemas mentais.
As transferências foram suspensas ontem para, segundo Maria Manoela, não tumultuar o domingo dos hospitais que estão recebendo pacientes da Santa Genoveva.
"Não há dificuldades para encontrar leitos. O problema é o tempo que as ambulâncias gastam para apanhar e trazer os idosos", afirmou ela.
Barraco
O aposentado João Devenil da Silva, 56, trocou ontem a clínica Santa Genoveva por um barraco no morro da Cachoeirinha, onde vai morar com a mulher, a filha e nove netos.
Ele não gostou da mudança, apesar das 98 mortes ocorridas na clínica nos dois últimos meses. A exemplo do que aconteceu com Silva, casos de idosos internados sem necessidade na Santa Genoveva são bastante comuns.
Maria Manoela disse ontem que ainda há 77 pacientes na clínica à espera de parentes. "São casos sociais. Não precisavam estar internados", afirmou.
Como a maior parte desses pacientes não tem para onde ir, o ministério acertou com a Santa Casa de Misericórdia sua transferência para asilos e abrigos de idosos.
Ontem foi dia de visitas na Santa Genoveva. Mais uma vez, parentes e pacientes protestaram contra a desativação da clínica.
"Não posso voltar a trabalhar porque não posso pegar peso. Agora vou ter que ir para o barraco apertado. Preferia ficar aqui. No barraco é muito difícil", reclamou João Devenil da Silva, que estava na clínica havia quatro anos e cinco meses tratando de uma paralisia na perna esquerda.
O motorista de ônibus Antônio Bezerra Pontes, 43, reclamou da transferência do tio José Tavares de Souza, 68, vitimado por um derrame cerebral há dois anos e seis meses.
"Para mim essa clínica sempre esteve ótima. Meu tio nunca reclamou. Está gordo até demais."

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