São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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Enfim, o São Paulo sinaliza que está de volta

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

E, finalmente, o São Paulo volta ao pelotão de elite do nosso futebol. Pelo menos, foi o sinal dado sábado, quando, na festa de apresentação do novo treinador, Parreira, bateu o Real Madrid por 3 a 0.
Parreira nada teve a ver com isso. Tampouco, o Real, que, mesmo desfalcado de várias estrelas, lá estava com um grupo de nível internacional, como o artilheiro Zamorano, o armador Rincón e esse magnífico centromédio Redondo.
Sim, permitam-me a nomenclatura em sépia, pois esse Redondo é sucessor em linha direta do mítico Nestor "Pipo" Rossi, senhor do meio-campo, onde costumava fincar sua bandeira e ali reinar com sabedoria e talento.
A propósito, como lhe cairia bem a camisa número 5 do tricolor, sobretudo pelo desprezo que lhe parece devotar o Real. Seria o retoque final nesse novo São Paulo, que sábado reapresentou à sua torcida Válber e Muller, além do estreante Adriano. Bastaram esses três para conferir ao São Paulo o padrão de um sério candidato, senão ao título brasileiro, ao menos à reconquista do coração do torcedor são-paulino.
Claro que ainda falta conjunto ao time, assim como um lateral-direito no nível dos esquerdos Serginho, que jogou sábado, e André, que espera o chamado de Zagallo.
A propósito, pensando em Redondo, chego em André. Quem sabe, na volta de Atlanta, André não aceite um lugar no meio-campo? Não na meia, como tentou Muricy, mas como segundo volante, ao lado de Axel, à esquerda, bem próximo da lateral que lhe é tão cara. Dali, partindo de trás, com a habilidade que tem, o chute forte, a visão de jogo, daria ao setor mais classe, sem perder a combatividade.
É uma idéia entre tantas que Parreira já deve estar cultivando desde sábado.
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Só podia ser a Alemanha a romper a modesta barreira de dois gols por partida nesta Eurocopa. Ontem, meteu 3 a 0 na Rússia, num dos raros momentos de emoção desse torneio disputado sob o signo do medo, palavra que não existe no dicionário alemão. Mesmo correndo risco de tomar gols, bola na trave e tudo o mais, os tedescos avançam e avançam. E, por fim, avançam.
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O quê? De La Peña não tem lugar no time da Espanha? Pensando bem, não. Afinal, La Fúria prefere atacar as canelas adversárias a dar um trato à bola. Foi assim que arrancou o empate diante da França, que é mais cordial com a bola. Mas carece de uma pitada de fúria.
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Eureka! Cáspite! Aqui del rey! Olarilas! Salve, salve, batuta! Em apenas uma semana, os ingleses saíram das cavernas para invadir o mundo de Bauhaus. Pois não é que sábado meteram dois gols -repito: dois gols- na Escócia? Um deles, claro, de cabeça, num cruzamento, lance tão inglês como o rosbife e o pudim. O outro -pasme!-, simplesmente antológico, digno de um Pelé: Gascoigne, de gola erguida ao estilo dos malandrinhos dos anos 50, deu um chapéu no zagueiro e, pimba!, rede.
Só faltou surgir em pleno Wembley Carmen Miranda, de balangandãs e tamancões, cantando: "Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar..."

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