São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 1996
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"Vestibular" do futebol volta a ter o seu valor

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O futebol amador cansou de ser tratado como criança. Quer independência dos "empresários". Para tanto, volta a valorizar as peneiras, testes feitos pelos clubes para selecionar novos jogadores.
Sem contar com tantos patrocinadores como o futebol profissional, os times amadores estão dizendo não à proposta desses "empresários", que aparecem com futuras estrelas para serem vendidas ao clube a peso de ouro.
O Corinthians, por exemplo, decidiu aprimorar o esquema da sua "peneirada". Não compra mais jogadores e, em maio, passou a cobrar pelas inscrições.
Segundo o supervisor do futebol amador do Timão, Marcelo Esposito, a procura diminuiu, mas melhorou o nível dos candidatos.
"Antes, o garoto bombava e já se inscrevia de novo. Hoje, vem quem acha que tem realmente condições de passar", diz ele.
O teste da peneira, em que os candidatos às vagas vão sendo "peneirados" até restarem só os craques- é um ótimo caminho para quem sonha em ser um astro da bola. Vários ídolos, como o zagueiro Cléber, 26, do Verdão, e o Animal começaram assim.
O atacante do Corinthians chegou a ser reprovado numa das peneiras. Bombou aos 14 anos, quando "prestava" o peneirão do Fluminense. "Como não passei, voltei para o futebol de salão, onde jogava desde os 9 anos", conta Edmundo. Aos 17, convidado pelo Vasco, começou a carreira.
Já o Amaral, do Palmeiras, que já foi carregador de caixão numa casa funerária, engraxate, catador de papelão, foi incentivado por um amigo a "prestar" uma peneira no Palmeiras. Não deu outra: arrasou no teste, com 18 anos de idade.
A maioria dos clubes contam com os "olheiros", que assistem a jogos de pequenos times em busca de craques. Eles não são revelados. Fique ligado: a qualquer momento, um "olheiro" pode estar avaliando seu futebol.

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