São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 1996 |
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"Quem não tem parente na rua?" Medo do desemprego motiva operário GEORGE ALONSO
A declaração de Lino reflete o pensamento de grande parte dos metalúrgicos da zona leste de São Paulo ouvidos pela Folha. Eles vêem o desemprego como fantasma que ronda permanentemente suas vidas. José da Silva Luiz, 36, também da Ford, é direto: "Do jeito que está, é arriscado até pra gente, que está empregado." Há quem vacile em torno da adesão. Luís dos Reis, 40, quatro filhos e jardineiro da Ford (R$ 400 mensais), diz que vai "aderir se o pessoal aderir". Mas ataca o governo. "Tudo aumenta. O salário, não. Dizem que a inflação é de 2%, mas os juros da prestação são de 10%." O operador de empilhadeira Celso Froner, 26, da metalúrgica Case, aprova a greve porque já sofreu na pele. "Fiquei dois anos desempregado. Com estudo ou sem estudo, você não arruma emprego. Quem não tem um parente na rua? A greve não vai resolver, mas vai repercutir", espera. Há 20 dias na Case, ganha R$ 500 por mês. Há aqueles que vão aderir ao movimento, mas são contrários à sua realização. É o caso de Marcos Valer, 39, três filhos, operário da Continental, fábrica de fogões, lavadoras etc. "Sou contra. O Plano Real está bom. Não há inflação. Antes, não dava para acompanhar os preços. A prestação da casa própria não tem subido", diz. Segundo operários ouvidos pela Folha, as empresas não estão pressionando para impedir a greve. J.P. (iniciais), também da Continental, disse ressabiado: "Não sei se essa greve é dos patrões ou dos trabalhadores. Não sei a quem vai ajudar". Texto Anterior: Centrais sindicais devem gastar R$ 1 mi Próximo Texto: Forças Armadas podem proteger Incra Índice |
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