São Paulo, quarta-feira, 19 de junho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Forças Armadas podem proteger Incra

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) disse ontem que poderá convocar as Forças Armadas para proteger os prédios do Incra contra invasões de sem-terra.
Desde que assumiu o cargo, em abril, Jungmann, que já pertenceu ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) e é filiado ao PPS (Partido Popular Socialista), tem mantido um estreito relacionamento com as Forças Armadas.
Já indicou dois coronéis do Exército para superintendências do Incra (Pará e Mato Grosso do Sul).
"Em áreas críticas, eu não aceito indicação política", disse ele, ao apontar por que indicou militares e também técnicos do próprio Incra para as superintendências.
A indicação de militares foi criticada como um retrocesso em nota da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e CUT (Central Única dos Trabalhadores).
A autorização para recorrer às Forças Armadas foi dada pelo presidente Fernando Henrique.
"A solicitação de força federal só acontecerá em casos de extrema necessidade", disse o ministro.
Jungmann disse que quer a prisão dos sem-terra que invadem o Incra. "Esse pessoal que invade as unidades do Incra e coloca em risco a vida dos servidores tem de ir pra cadeia", afirmou.
Para não precisar recorrer às Forças Armadas, o ministro disse ter enviado ofícios para todos os governadores pedindo que as PMs dêem proteção ao Incra.
Foi pedida também à Polícia Federal a abertura de inquéritos nas seis unidades do Incra invadidas nos últimos 15 dias.
"Tomamos essas medidas porque, até agora, não houve nenhum compromisso do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de parar com as ocupações", declarou Jungmann.
Condenou a ação dos sem-terra no Paraná e na Bahia, onde servidores foram mantidos até ontem como reféns.
"Na Bahia, a situação chegou ao extremo de se tomarem servidores como reféns para se discutir a nomeação do novo superintendente", relatou o ministro.
O MST reagiu à proposta de uso das Forças Armadas. Gilberto Portes, um dos coordenadores da entidade no Distrito Federal, disse ontem que a iniciativa de chamar os militares é uma "afronta aos trabalhadores rurais".

Texto Anterior: "Quem não tem parente na rua?"
Próximo Texto: Escalada
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.