São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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FHC convoca governadores a unificar ações policiais

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Reunião faz parte de estratégia para derrotar politicamente o MST

O presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) decidiu convocar uma reunião com todos os 27 governadores do país para unificar as ações policiais no caso de invasões promovidas por trabalhadores sem terra.
A reunião deve acontecer no dia 13 ou 14 de julho.
FHC pedirá aos governadores que instruam suas polícias estaduais a não permitir mais invasões de terras e de edifícios-sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), como ocorreu nas últimas semanas.
A reunião com os governadores é apenas um dos itens dentro de uma estratégia do governo para derrotar politicamente o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), ligado aos partidos de esquerda.
Além da reunião, o governo deve se concentrar em outros quatro pontos na condução da reforma agrária:
1) O ministro da Política Fundiária, Raul Jungmann, tentará apressar as desapropriações de terras no país para procurar cumprir a meta anunciada do governo -de assentar 60 mil famílias neste ano;
2) Jungmann não cortará relações com o MST. Terá nova reunião com líderes do movimento no dia 27;
3) FHC vai insistir em não promover assentamentos em fazendas invadidas, como forma de desestimular novas invasões de terras;
4) No caso de as polícias estaduais não conseguirem dar conta dos conflitos locais, as Forças Armadas devem ser acionadas.
Governo X MST
Os anúncios do governo sobre novas táticas para combater ações violentas do MST, segundo a Folha apurou, ocorrem porque FHC considera ser este o momento adequado para acuar o movimento.
As mortes de quatro pessoas na fazenda Cikel, em Buriticupu, no Maranhão, na avaliação do governo, teriam fragilizado o movimento perante a opinião pública.
Emboscada
Em conversas reservadas, integrantes do governo sempre fazem questão de frisar que os sem-terra teriam feito uma emboscada para matar os funcionários da fazenda.
Essas mortes, para o governo, representam que o MST não tem controle sobre todas as suas ramificações.
A avaliação no Palácio do Planalto é que o movimento está infiltrado por radicais, o que pode fazer com que seus dirigentes percam o controle sobre as ações do grupo.
Além disso, FHC acredita que a principal preocupação do MST hoje é não perder a bandeira da reforma agrária para o governo.

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