São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Concorrência critica compra da Kolynos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A compra da Kolynos pela Colgate foi criticada ontem por duas empresas concorrentes durante audiência pública na Câmara dos Deputados.
A Searle do Brasil anunciou que neste mês estará deixando de produzir a marca de creme dental Carrefour, pois seria impossível operar em um mercado oligopolizado.
Com a compra, a Colgate-Palmolive passou a controlar 79% do mercado de cremes dentais. O negócio movimentou R$ 760 milhões no Brasil, em janeiro de 1995.
A aquisição está sendo analisada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que tem poder para vetar compras e fusões de empresas que resultem em domínio superior a 20% do mercado.
Gesner de Oliveira, presidente do Cade, evitou se manifestar, alegando que não falaria enquanto o negócio estiver sendo analisado.
"Tivemos que tirar a marca Carrefour das prateleiras porque as escalas de produção da Kolynos e da Colgate são muito grandes. Não dá para competir", disse o diretor de relações governamentais da Searle, João Carlos Fernandes.
O gerente-geral da Stafford-Miller, Clide Zelazo, disse que a aprovação da compra da Kolynos tornaria "inviável" a sobrevivência dos concorrentes. A empresa produz a marca Sensodine.
"Hoje, a Colgate já é uma referência nos preços dos cremes dentais. Ninguém aumenta os preços sem antes a Colgate aumentar."
Domínio Com esses depoimentos, a Stafford e a Searle se juntam à Procter & Gamble nas críticas à concentração no setor de cremes dentais.
A P&G, que também participou da audiência pública, sustentou que a concentração de mercado impede a entrada de concorrentes.
"A Colgate e a Kolynos têm, juntas, 42 produtos diferentes. Não sobra lugar para os outros nas prateleiras", disse a diretora de assuntos jurídicos da P&G, Yolanda Cerqueira Leite.
A Smithkline Beecham, fabricante da marca Aquafresh, e a Johnson & Johnson, que fabrica fios e escovas dentais, declararam que não têm nenhuma restrição à aprovação do negócio pelo Cade.
"Qualquer empresa que comprasse a Kolynos teria posição de domínio no mercado", disse o representante corporativo da Smithkline, Luciano Azevedo, lembrando que antes do negócio a empresa já respondia por mais da metade das vendas de cremes dentais.
O vice-presidente de assuntos corporativos da Colgate-Palmolive, Carlos Alberto Toro, contestou a versão de que o fim da operação da Searle tenha sido motivado pela compra da Kolynos.
"O Carrefour está apenas substituindo o fabricante e seguramente voltará ao mercado", disse.

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