São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Evite "rolar" dívida no cartão de crédito

Juros variam de 9% a 12% ao mês

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

A permissão dada pelo Banco Central para que as administradoras de cartões de crédito financiem uma parcela maior da fatura deve ser vista com cautela pelos usuários.
Embora a medida tenha flexibilizado mais o crédito no setor, principalmente para quem está muito endividado e precisa de algum fôlego para colocar suas contas em dia, o financiamento do cartão é um dos mais caros hoje em dia, para pessoas físicas.
Na média, as taxas de juros do crédito rotativo nos cartões estão na faixa entre 9% e 12% ao mês, o que equivale a nada menos do que 181,27% e 289,60% ao ano, respectivamente.
Risco de "bola de neve"
Cartão de crédito é boa opção para o consumidor -e traz até vantagem financeira, porque adia o pagamento-, mas desde que ele pague toda a fatura na data do vencimento.
Se isso não ocorre e o usuário decide "rolar" uma parte, a conta da loja ou do restaurante sai muito alta e a dívida corre o risco de virar uma "bola de neve".
Até agora, pelo menos 50% de cada fatura devia ser paga no vencimento. Com a liberdade dada pelo BC, as administradoras tendem a fixar este percentual em 20%. Nem isso, entretanto, deve ser financiado pelo usuário.
Cartão versus poupança
Quem tem dinheiro aplicado numa poupança, por exemplo, e recebe a fatura do cartão, pode sair ganhando até mesmo se fizer o saque antes do "aniversário" da conta, com perda do rendimento, para evitar o financiamento da fatura do cartão.
Suponha R$ 500 na poupança e uma fatura também de R$ 500. A caderneta vai render, por hipótese, 1,10%, ou R$ 5,50, num mês. "Rolando" somente 20%, ou R$ 100, no cartão, pagará entre R$ 9 e R$ 12 só de juros.
Numa situação dessas, há também uma outra saída -caso seja de poucos dias o prazo entre vencimento do cartão e "aniversário" da aplicação.
O poupador recebe o crédito na poupança ou fundo, saca o dinheiro correspondente à dívida, procura a agência bancária ou a administradora e liquida o que deve por meio de uma fatura avulsa.
Aí, só paga juros pelo período que usou o crédito. O encargo financeiro é calculado de forma "pro rata", ou seja, proporcional aos dias do financiamento.

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