São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996 |
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Insatisfeita, Renault sai da Fórmula 1 Fábrica fica só até 97 JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
Segundo Patrick Faure, diretor da Renault Sports, o braço esportivo da fábrica francesa, a decisão aconteceu porque a empresa "já atingiu o objetivo que tinha na F-1: vencer". "Vencemos muitas vezes desde então. Para a Renault, a F-1 não é um objetivo em si. Apenas uma maneira de divulgar a excelência de nosso produtos. E, isso, já comprovamos", declarou. O pomposo discurso de Faure poderia ser resumido em apenas três palavras: enquanto é tempo. Além de atravessar uma crise sem precedentes no mercado automobilístico francês (foi a única montadora a ter queda de vendas neste ano), a Renault está sendo sufocada pelo regulamento da F-1. Depois de revolucionar a categoria com o "motor ideal", traduzido na configuração V10 (dez cilindros em V), receita copiada por quase todos os concorrentes, o próximo passo da Renault era a utilização de novos materiais. Cerâmica, titânio e tudo mais que pudesse deixar o propulsor mais leve, forte e resistente. No final do ano passado, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) deixou claro sua intenção de proibir a inovação. E, com a justificativa de manter o equilíbrio na categoria, a entidade achou um modo eficiente de deter o impressionante domínio do fabricante francês, que ganhou sete títulos mundiais em cinco anos. Impedida de tocar seu projeto, a Renault percebeu a aproximação da concorrência a partir desta temporada. Ferrari e Peugeot, por exemplo, já conseguiram evoluir de forma expressiva. Somando-se a isso o fiasco no mercado doméstico, a fabricante decidiu encerrar sua participação na categoria no final de 97, quando expiram os contratos com as equipes Williams e Benetton. Não é a primeira vez que a Renault deixa a F-1 por se sentir tecnicamente tolhida. Em 1986, no último ano da era turbo, inaugurada pela própria fábrica em 77, anunciou também sua retirada. Voltaria em 89, com a Williams, parceira com a qual construiria um dos mais notáveis pacotes técnicos da história da F-1. Comparável, apenas, à união McLaren/Honda (campeões de construtores entre 88 e 91) e ao longevo propulsor Ford Cosworth (174 vitórias, de 67 a 94). Faure admitiu que o projeto esportivo da Renault não deve se encerrar com a saída da F-1, o que aumenta as especulações de que possa, um dia, investir na Indy. Tudo dependerá, porém, do impacto do anúncio de ontem, que deve durar até o final de 97. Texto Anterior: Atlanta tira astros da estréia do Paulista Índice |
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