São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996 |
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Zizi Possi
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Retoma assim uma trajetória que é paralela à da própria gravadora -ela se lançou como cantora no final dos 70, no rescaldo da torrente criativa que inundou a MPB (e a PolyGram, em especial) na época. A boa MPB entrava na crise dos 80, e Zizi entrou em crise com ela. "As pessoas cantavam as músicas de todo mundo, menos as minhas. Sentia solidão", conta Zizi. Optou então pelo popular, cravando hits de AM como "Asa Morena" (82) e se associando ao messias da diluição Lincoln Olivetti. Não foi só ela. A PolyGram desfazia-se de seu cast poderoso e investia em artistas de venda certa. "Não fui forçada a fazer nada, mas depois fui percebendo que havia uma manipulação", diz. No fim dos 80, veio o acirramento dos conflitos com a PolyGram. Zizi queria se afastar do populacho, a gravadora não deixava. "Eu era aquela personagem que sempre negava o que queria ser porque achava que não era possível." Rompeu com a PolyGram. "Não sabia se ia criar galinha ou fazer música. Coincidentemente, foi um dos piores momentos da PolyGram. O presidente da gravadora na época hoje é dono de padaria." À margem da indústria, veio "Sobre Todas as Coisas" (91), em que pela primeira vez se casaram prestígio de público e crítica. E a gravadora-mãe voltou a se interessar. Avessa a concessões, chega a uma Polygram redirecionada à música de massa -brega, axé, pagode. Chega como exceção -ou não, pois nos 90 até anticomercialismo encontra nicho de mercado. O novo disco, gravado na Noruega, aprofunda o mergulho rumo à música camerística. O ecletismo de repertório a leva de Villa-Lobos a Herbert Vianna, passando por Nelson Cavaquinho, Noel Rosa, Itamar Assumpção, José Miguel Wisnik, Chico César. "Não há nada mais sofisticado que a simplicidade. Por isso o disco chama 'Mais Simples' ", define. Disco: Mais Simples Artista: Zizi Possi Preço: R$ 20, em média Texto Anterior: Nancy Boy Próximo Texto: Sofisticação soa artificial Índice |
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