São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 1996
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Greve, a grande pesquisa

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Chegou o dia da greve geral. O resultado será conhecido apenas hoje à noite. Antes disso, entretanto, o presidente Fernando Henrique Cardoso já teve motivos para lamentar, mais uma vez, a atuação de sua equipe de ministros e assessores.
A ofensiva de mídia das centrais sindicais causou aflição dentro do Planalto. Comerciais de TV apareciam em todos os canais em Brasília, onde a tabela de preços é mais barata do que em outras partes do país.
Na hora dos principais noticiários noturnos, as TVs brasilienses apresentavam até três comerciais por intervalo sobre a greve geral. Essa presença intensa de Vicentinho (CUT) e Medeiros (Força Sindical) na TV colocou o governo na defensiva.
FHC não esperava que seus ministros, na última hora, aparecessem na TV tentando rebater os argumentos dos sindicalistas. Mas achava que poderia ter havido alguma estratégia já há duas semanas, quando as centrais sindicais anunciaram um gasto de R$ 1 milhão com publicidade.
Para FHC, não deveriam partir dele as respostas à greve. Teriam de entrar no debate os ministros econômicos e da área de comunicação. O presidente não responsabiliza alguém em particular. Mas sempre convém lembrar que o porta-voz Sergio Amaral estava em Nova York nos últimos dias.
Quando FHC percebeu que não havia uma ação articulada de seus assessores procurando rebater os argumentos pró-greve, já era tarde. Os comerciais de TV das centrais sindicais já tinham invadido as casas dos brasileiros no horário nobre.
Com isso, restou a FHC apenas dar as instruções de praxe, sobre segurança e ordem. Agora, é esperar até o fim do dia para contar os estragos.
No fundo, foi bom o silêncio do governo. Não contaminou a percepção popular com estratégias artificiais de marketing. Isso contribuiu para fazer da greve geral o grande teste de popularidade do real e de FHC. À noite, todos saberemos o resultado.

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