São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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Ministério registra faltas de até 3% no Executivo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Administração informou ontem que, dos 50 mil servidores do Poder Executivo em Brasília, de 2% a 3% faltaram pela manhã sem relacionar a ausência à greve dos rodoviários.
Esse índice seria normal: 2% não comparecem ao trabalho a cada dia por motivos como licença médica, viagem a trabalho, treinamentos ou falta sem justificativa, segundo o ministério.
Incluídos os servidores que justificaram à chefia a impossibilidade de comparecer por causa da falta de transporte, o índice de ausência chegou a 5%, segundo levantamento feito pelo governo.
A secretária-executiva do Ministério da Administração, Cláudia Costin, pediu a todos os ministérios uma avaliação sobre a adesão à greve geral convocada pelas centrais sindicais.
O levantamento foi realizado no turno da manhã, quando a grande maioria dos ônibus não estava circulando na cidade. Os ministérios utilizaram carros da própria frota para buscar servidores de repartições consideradas essenciais.
A avaliação final do governo é que a pequena adesão do funcionalismo federal em Brasília não provocou nenhum prejuízo -à União e aos cidadãos.
Justiça
No Poder Judiciário, os 10 mil servidores em Brasília também não pararam. O próprio sindicato da categoria nem chegou a fazer a convocação orientada pelas centrais sindicais, por falta de apoio.
A greve geral quase não alterou a rotina das sextas-feiras na Esplanada dos Ministérios. Os estacionamentos estavam lotados, e a maioria dos ministérios funcionou normalmente. Não houve piquetes.
Cerca de 420 policiais militares desarmados foram deslocados para a Esplanada. A Praça dos Três Poderes (em frente ao Palácio do Planalto) foi fechada ao público.
Não foi proibida a circulação de carros nos ministérios. Os PMs se limitaram a impedir o estacionamento dos carros de som das centrais sindicais.
O Sindsep (Sindicato dos Servidores Públicos Federais) decidiu não divulgar balanço da greve, mas afirmou que a adesão dos servidores foi "representativa".
Roberval Duarte Menezes, diretor de Política Sindical do Sindsep, explicou que a direção da entidade decidiu não fazer um balanço da adesão porque a categoria ficou "muito" desgastada com a última greve, há pouco mais de um mês.
"A greve já valeu porque conseguimos parar para discutir problemas que o governo se recusa a admitir que existam. Não interessa se a adesão foi de 40%, 50% ou 90%. O importante é a mobilização da sociedade", afirmou Menezes.
O diretor do Sindsep disse que não ficou surpreso com a grande quantidade de carros nos estacionamentos dos ministérios.
"Isso reflete a política de sucateamento do serviço público. Hoje há mais chefes do que subordinados no serviço público. E quem veio trabalhar hoje (ontem) foram os caciques, que têm carro e moram no Plano Piloto", afirmou.
Funcionários das empresas que prestam serviço aos ministérios (limpeza, recepção e segurança) trabalharam normalmente ontem.

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