São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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Laje desaba e mata 9 operários na BA

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O desabamento de uma laje no terminal de granéis sólidos do porto de Aratu, em Candeias (46 km ao norte de Salvador), na Bahia, provocou a morte de pelo menos nove pessoas e deixou outras nove feridas, segundo informações do Corpo de Bombeiros.
Cerca de 20 trabalhadores caíram de uma altura de 29 metros e foram soterrados pelos escombros e pelo concreto molhado.
Até ontem à tarde, o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, de Salvador, tinha identificado quatro mortos. Os outros cinco corpos haviam sido localizados no local do desabamento, mas ainda não tinham sido resgatados.
"Estamos aguardando a chegada de máquinas especiais para a remoção dos escombros", disse o comandante da operação de resgate, coronel Aymar Aguiar.
Com base em informações dos sobreviventes, os bombeiros suspeitam que outros dois corpos estejam sob os escombros. "Nós ainda não os vimos, mas todos os depoimentos dos sobreviventes confirmam a suspeita", disse.
O desabamento aconteceu por volta das 18h de anteontem. Na hora, trabalhadores contratados pela CMC (Construtora Civil Macedo) estavam concretando a parte superior de um silo (construção impermeável para conservar produtos) para armazenamento de cimento.
O silo estava praticamente concluído. A última etapa das obras era a concretagem da laje superior, a 42 metros de altura.
O comandante da área industrial de Aratu, coronel Jorge Prudente, disse que a laje não resistiu às 145 toneladas de peso do concreto, ferragens e aço. Com o desabamento, os operários e o entulho caíram sobre outra laje de sustentação 29 metros abaixo, construída a 13 metros do solo.
O engenheiro George Humbert disse que as causas do acidente só deverão ser esclarecidas nas próximas 48 horas. "É prematuro fazer qualquer avaliação", disse o engenheiro da empresa Cimex (Comercial Importadora e Exportadora Ltda), a proprietária do silo.
Segundo a Cimex, a parte de concretagem teria sido sublocada para a CMC.
Resgate difícil
Os bombeiros e voluntários encontraram muitas dificuldades para resgatar as vítimas, já que as 145 toneladas de ferragens e material também vieram abaixo.
Ontem pela manhã os bombeiros interromperam o resgate por quatro horas. Ele foi reiniciado com a chegada de um guindaste e de equipamentos especiais. "Com o concreto seco, nosso trabalho fica mais difícil", disse Prudente.
O proprietário da CMC, Salvador Costa Machado, estava sobre a laje no momento do desabamento. Ele substituiu o mestre de obras, que havia deixado a laje meia hora antes do acidente para resolver problemas particulares.
Machado foi resgatado com vida pelos bombeiros e teve os dois braços fraturados.

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