São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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Estado retoma unidade para barrar PAS

LUCIA MARTINS; ROGÉRIO GENTILE; MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado de São Paulo "retomou" a posse de um pronto-socorro estadual que era administrado pela prefeitura desde 83.
À meia-noite de ontem, o PS do hospital estadual do Mandaqui (zona norte de SP) passaria a ser administrado pelo PAS, o plano de saúde do prefeito Paulo Maluf.
O PAS (Plano de Atendimento à Saúde) transfere o gerenciamento dos hospitais municipais para cooperativas de médicos. Os pacientes são cadastrados, só podendo ser atendidos na região onde moram, com exceção de emergências.
Para evitar essa mudança no sistema de gerenciamento, o secretário estadual da Saúde, José da Silva Guedes, mandou um ofício para a prefeitura afirmando que o PS passava a ser do Estado de novo. Mas a prefeitura ameaçava reagir, apelando para a Justiça.
"O hospital do Mandaqui é um hospital de referência para a zona norte. Não podemos deixar que um plano restrinja o atendimento", disse o secretário.
Até as 19h30, uma equipe de 17 novos funcionários do PAS que começaria a trabalhar ontem esperava na porta do PS por uma decisão. "Estamos esperando uma ordem judicial", disse o diretor da cooperativa Santana, José Carlos
Seguranças
As ordens dos dois lados era não desistir do pronto-socorro. Às 17h40, a diretora do hospital, Nádia Romariz, disse "acionamos todas as medidas necessárias para fazer que o PAS não seja implantado no PS".
Mais tarde o diretor-clínico do hospital, Ricardo Tardelli, se reuniu com dois representantes da prefeitura para mostrar uma cópia do fax, enviado ao prefeito pelo secretário estadual, em que era comunicada a retomada do pronto-socorro.
Ainda por volta das 17h30, foi divulgada uma suposta tentativa de funcionários ligados ao PAS de entrar no PS pela cozinha. Os seguranças não teriam permitido. A diretoria do hospital não confirmou a informação.
Atendimento
O atendimento não chegou a ser afetado ontem. Apenas o horário de visitas foi reduzido em uma hora, passou das 19h para as 18h.
"Se tivesse um parente internado aqui ficaria preocupada. É um absurdo o que aconteceu", afirmou Luzivalda Maria da Silva que foi levar o filho, Rene Maurício Ruchet, de 4 anos, ao hospital porque ele estava com uma virose.
(LUCIA MARTINS, ROGÉRIO GENTILE e MALU GASPAR)

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