São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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Cohab e moradores acertam remoção

Favelados ficarão alojados em Heliópolis

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo e a associação de moradores da favela de Heliópolis entraram ontem em acordo para a remoção dos habitantes da área onde aconteceu um incêndio na segunda-feira, que matou quatro pessoas.
Em reunião com os moradores ontem de manhã, o presidente da Cohab, Marcos Helou, comprometeu-se a alojar os moradores em locais próximos à favela.
"A hipótese de alojamento em barracas de lona foi rejeitada pelos moradores. Eles concordaram em se fragmentar e vão ser alojados em vários locais, separados uns dos outros", afirmou Helou.
Segundo ele, num primeiro momento serão removidas 120 famílias, que serão alojadas em centros esportivos, em canteiros de obras da prefeitura, em casas de familiares e em escolas, durante as férias.
Dessas 120 famílias, 53 estão desabrigadas desde o dia do incêndio e estão alojadas provisoriamente na Escola Municipal de Educação Infantil Luiz Gonzaga.
Helou afirmou que dois dos edifícios em construção invadidos e ainda ocupados deverão ser usados pela prefeitura para fazer prédios do projeto Cingapura.
O terceiro prédio, onde houve o incêndio, deve passar por uma inspeção para detectar um possível comprometimento da estrutura. Segundo os bombeiros, parte do prédio está trincado.
150 dias
A prefeitura prometeu começar a obra no dia seguinte à remoção e entregar os primeiros apartamentos do Cingapura aos moradores dentro de 150 dias.
O presidente da Unas (União de Núcleos, Associações de Moradores de Heliópolis e São João Clímaco), João Miranda Neto, disse que "começa a se sentir satisfeito" com o acordo.
"Até aqui está bom para os moradores, se a prefeitura assumir que em 150 dias os moradores terão lugar para morar", disse.
Assistentes sociais da prefeitura trabalharam ontem na favela fazendo o cadastramento das famílias que serão beneficiadas com os apartamentos.
Segundo a Cohab, o cadastramento deve estar terminado na segunda-feira.
Ações
O vereador José Mentor (PT) formalizou ontem um pedido judicial de suspensão da propaganda da prefeitura veiculada na TV que o responsabiliza pelo incêndio.
O vereador quer ainda ter direito de resposta.
O próprio PT, por meio de sua bancada na Câmara Municipal, também estuda uma ação penal contra o prefeito Paulo Maluf.
Alberto Benedito de Souza, 36, advogado dos moradores que também foi citado pelo prefeito como responsável pelo acidente, pretende encaminhar uma ação criminal por injúria e uma ação civil por danos morais.
A Unas, que pretendia pedir na Justiça uma indenização às famílias que perderam suas casas no incêndio, desistiu da ação.

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