São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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Eurocopa 96 pode reeditar final da Copa 66

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, a Eurocopa define, hoje e amanhã, os seminfinalistas de 96.
Confirmadas a tragédia italiana e a maré baixa de Romênia e Bulgária, as sensações da última Copa, algumas novidades aparecem em um futebol que, como tenho tido, encontra-se em fase de transição.
(O equilíbrio da competição pode ser observado pelos números: nenhuma das 16 seleções que participaram da primeira fase conseguiu atingir o máximo de pontos possível nesta etapa do torneio).
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Os anfitriões ingleses, que jogam hoje contra a Espanha, são a mais grata surpresa.
Estão embalados pela goleada contra a Holanda, jogam em casa e acrescentaram qualidade a sua correria habitual.
A Inglaterra deverá sentir a ausência de Paul Ince, um jogador taticamente importante, que cumpre suspensão pelo excessivo número de faltas que cometeu até agora.
A Espanha, apesar de estar há alguns anos gestando internamente uma melhoria considerável no seu futebol, não apresentou nada consistente.
Repete a sua performance mediana da Copa de 94. Falta, a meu ver, ousadia ao treinador Javier Clemente para apostar nos jovens mais talentosos como Raul, do Real Madrid, e De La Peña, do Barça.
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No segundo jogo de hoje, a França é a favorita contra a desestruturada e desunida seleção holandesa.
O cartel francês é impressionante: 26 jogos sem derrota, em parte, graças a um eficiente sistema defensivo, supervisionado pelo peso-pesado Marcel Desailly, do Milan.
E, repito aqui, o que disse o sir Lancellotti: é a maior exportadora de jogadores de todos os países que disputam a Eurocopa-96.
Portanto, algo de consistente anda acontecendo pelo futebol francês (o Paris Saint-Germain foi o campeão da Recopa, lembra-se?).
Chamo atenção para um aspecto tático interessante: as jogadas de ataque, pela direita, de apenas um toque na bola, executadas principalmente pelo atacante Patrice Loko.
A Holanda, com os três avantes fixos, aposta em uma ficha: Kluivert, que, pela primeira vez no torneio, deverá iniciar o jogo como titular.
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A estrela chama-se Davor Suker, da Croácia, mas o time favorito é o seu adversário de amanhã, a Alemanha, que ainda não tomou nenhum gol.
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Se Inglaterra e Alemanha vencerem neste final de semana, na próxima quarta-feira teremos a repetição da final da Copa de 66, quando a rainha Elizabeth ficou com a Jules Rimet por uma bola que não entrou inteiramente no gol.
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No domingo, a casa portuguesa com certeza enfrenta a República Tcheca, que ficou com a vaga da Itália, pelo critério de saldo de gols.
Não sei a explicação para o fenômeno, mas, de uns tempos para cá, Portugal vem sendo um grande celeiro de craques para a Europa.
Tem seleções bastante competitivas nas divisões inferiores e bons jogadores de meio-campo na principal.
Deveria ficar com a vaga, mas, você já sabe...

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