São Paulo, sábado, 22 de junho de 1996
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Ieltsin desafia Parlamento e veta lei

JAIME SPITZCOVSKY
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

O presidente russo, Boris Ieltsin, rejeitou ontem projeto de lei sobre transferência de poder enviado pelos deputados, acusando-o de "permitir surgimento de um poder paralelo".
A Rússia busca definir as regras para a primeira transição democrática de sua história. O país nunca testemunhou uma transferência de poder pacífica e regida por normas democráticas.
No domingo, Boris Ieltsin, defendendo suas reformas pró-capitalismo, venceu o primeiro turno da eleição presidencial, com 35,3% dos votos. Enfrenta no segundo turno o neocomunista Guennadi Ziuganov (32%).
Em 1991, Ieltsin venceu a primeira eleição para o cargo de presidente russo com poderes executivos. Antes, a Presidência tinha caráter simbólico. O Partido Comunista monopolizava o poder.
Dominada pela oposição neocomunista, a Duma (câmara baixa do Parlamento) desenhou um projeto que permitiria ao novo presidente fazer o juramento na cerimônia de posse fora do Kremlin, a sede do poder na Rússia.
"Trata-se de um detalhe muito perigoso", advertiu Alexander Kotenkov, assessor do presidente. Segundo ele, poderia surgir um poder paralelo em outra cidade russa ou no Parlamento.
Em 1993, a oposição nacionalista-comunista tentou montar um governo paralelo no Parlamento. A revolta terminou após ação de tropas enviadas por Ieltsin.
A Duma vai rever o projeto de lei, provavelmente antes do dia 3 de julho, quando deve ocorrer o segundo turno.
Os deputados também ouviram depoimento de Alexander Lebed, secretário do Conselho de Segurança e novo homem-forte do governo Ieltsin.
O general da reserva foi convocado para falar sobre suposta movimentação de militares para impedir a demissão do ministro da Defesa, Pavel Gratchev, na terça-feira passada.
Lebed retirou a acusação contra cinco generais e disse: "A questão está superada".

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